Tenho de falar aqui de um livro que sempre mexeu comigo e me fez descobrir um autor português diferente e irreverente, de seu nome Pedro Paixão. Considero que este escritor descreve aquilo que as pessoas pensam, mas são incapazes de dizer. A sua escrita pode ser, contudo, demasiado disconexa como se de fluxos de sonhos se tratassem.
De entre os vários livros escritos por este autor existem alguns com nomes icónicos como "Cala a Minha Boca com a Tua" ou "Viver todos os dias cansa". Mas é do meu livro favorito ("Muito Meu Amor") que retiro algumas frases para partilhar convosco e quem sabe vos motive a descobri-lo:
- "... Queres saber quem eu sou? Eu sou o que te olha e espia para te recolher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas de saber. Nem convêm. Só te ia distrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha a voltar ..."
- "... Por vezes gosta-se de uma mulher por não haver outra por perto de que se possa gostar. Por vezes gosta-se de uma mulher por se ter gostado muito de um homem que deixou de gostar de nós e precisamos de tudo tentar para o esquecer. Por vezes gosta-se de uma mulher por lembrar outra mulher de quem se gostou e não descobrimos quem possa ter sido. Por vezes gosta-se de uma mulher por se estar muito cansado de se gostar muito de uma outra mulher. Por vezes gosta-se de uma mulher só por gostar. Às vezes ele escrevia uma colecção de disparates que lhe juntava para oferecer. Às vezes ela ria, outras vezes não..."
- "... Por vezes gosta-se de um homem só porque faz falta para ir ao cinema. Por vezes gosta-se de um homem só porque o corpo tem intermitentes exigências. Por vezes gosta-se de um home só porque não se gosta de outro. Por vezes gosta-se de um homem só porque nos faz rir. Por vezes gosta-se de um homem só. Às vezes ela escrevia frases que depois lhe lia. Ela ria. Ele ficava muito sério a ouvir, a tentar descobrir em que caso cabia..."
- "... É tão estranho conhecer uma pessoa. Tão dificil que parece impossivel. Não existir e passar a existir: uma pessoa inteira, um mundo inteiro. Onde caberá um mundo inteiro neste mundo pequenino? Como é que se consegue? Como se faz?..."
- "... É preciso que saibas que, entre a liberdade e a segurança, a grande maioria não escolhe a liberdade. A liberdade precisa da coragem de lutar com o medo, sem a certeza de o vencer. E o medo existe sempre, ontem, hoje e amanhã, e a coragem é tão rara como o espirito que ama a liberdade..."
- "... Por que queres tu que os meus lábios sejam só teus? Porque só eles são iguais aos teus..."
- "... E para que serve o amor, diz-me já. Serve para perder o medo..."
Carpe Diem.
Etiquetas: Literatura