Saraband Bergman
Confesso que, apesar de me considerar um cinéfilo, ainda não conheço as grandes obras do cinema e um realizador pelo qual sempre tive curiosidade era esta lenda viva que dá pelo nome de Ingmar Bergman que, infelizmente, faleceu hoje de forma pacífica segundo a sua filha.
Tive o prazer de assistir, em cópia digital, o seu ultimo filme, de seu nome "Saraband" (do qual já tenho a edição em DVD) que me deixou simplesmente siderado... ele era um realizador de actores, de diálogos, de escrita fina e poderosa, de um amor imenso pela palavra, pelo olhar e pelo não dito e, sobretudo, amava as Mulheres na tela e na vida real.
Neste momento de dor pela perda de mais um expoente do cinema (depois de Robert Altman) aqui deixo, como homenagem, a crónica que escrevi no blog "Sonho de Cinema" (Março de 2005) acerca desse filme:
"... Eu sei que parece sacrilégio para um cinéfilo como eu, mas nunca antes tinha visto um filme de Ingmar Bergman (tal como não vi Nicholas Ray, Fellinni, Howard Hawks, Jonh Ford) e estava amplamente curioso por assistir a este. Trata-se de um filme exibido, exclusivamente, no cinema Alvaláxia e concretamente na sua sala digital.

O filme teve a sua génese na Tv, há largos anos que Bergman apenas se dedica a este meio audiovisual, e foi rodado em formato digital. Quando se tentou transpôr para 35 mm (formato das bobines de cinema), o realizador não ficou satisfeito com o resultado e impôs que o filme fosse exibido em cinemas que respeitassem a sua versão original. Em Portugal apenas existe uma sala, no complexo Alvaláxia, e devo desde já informar que é uma maravilha para os olhos este sistema.
A história retoma as personagens de um outro filme do cineasta - "Cenas da Vida Conjugal" -trinta anos depois do casal desse filme se separar, a mulher (Marianne-Liv Ullman) sente que o seu ex-marido precisa dela (Johan-Erland Josephson) e decide visitá-lo na casa de campo. Voltam a estabelecer uma enorme cumplicidade (numa cena linda que originou a foto acima) e Marianne conhece o filho de Johan (Henrik) e a sua neta (Karin).
No fundo trata-se de uma familia profundamente disfuncional e com as emoções à flor da pele, o filme permite retomar o prazer do cinema dialogante e de emoções fortes. Bergman filma sobretudo grandes planos dos rostos e sentimos que somos nós quem está a ouvir as personagens. Trata-se de um filme de silêncios, de toques, de olhares, de um diálogo forte mas ao mesmo tempo divertido... sobretudo é um filme que pede tempo ao espectador, que o "obriga" a parar, a acalmar, a respirar (cena paradigmática desta situação é o minuto que esperamos enquanto a personagem de Marianne ganha coragem para falar a Johan quando chega a casa deste).
Deste filme tenho a registar uma cena que é das mais belas do filme, quando Johan bate à porta do quarto de Marianne e inventa a desculpa de que se sente impaciente apenas para se colocar dentro da cama desta. O resultado é um enorme momento de coragem dos actores, da forma de filmar de Bergman e de um humor corrosivo.
Posso dizer que gostei bastante do filme e há muito não via um filme que me obrigasse a acalmar do stress diário (ainda que os temas tratados sejam bem fortes) e me fizesse redescobrir o cinema da palavra e das emoções. Eu sei que a maior parte das pessoas que lêm o meu blog não gostam de cinema europeu e muito menos falado em sueco, no entanto, recomendo-o vivamente..."

Saraband Bergman e que estejas no Céu rodeado de Mulheres porque tu eras um cineasta das Mulheres, são elas que nos fazem querer viver.

Carpe Diem Mestre.

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Uma Musica que não me sai do pensamento...
Love of my life, you´ve hurt me
You've broken my heart and now you leave me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back, don't take it away from me
because you don't know what it means to me...

Love of my life don't leave me
You've taken my love and now desert me
Love of my life, can't you see?
Bring it back, bring it back, don't take it away from me
because you don't know what it means to me...

You'll remember when this is blown over,
and everything's all by the way
When I grow older, I will be there at your side to remind you
how I still love you, I still love you...

Back, hurry back, please bring it back home to me because
you don't know what it means to me

Love of my life,love of my life...Uhhh... Yeah....

Musica: "Love of My Life"
Grupo: Queen
Composto por: Freddie Mercury

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Indignação!!
Facto: Uso aparelho auditivo no ouvido esquerdo e tenho o ouvido direito praticamente morto desde a nascença.

Situação: Aproveitei a promoção de um grande filme português, de seu nome "Alice", com actores de grande talento como Nuno Lopes e Beatriz Batarda (junto com Ana Moreira e Carla Chambel fazem os meus actores da nova geração favoritos), na FNAC em edição especial por 9,95 €.
Indignação: Como é possivel que, em Portugal, não pensem naquelas pessoas que têm dificuldade em ouvir falar português ou que não entendam uma ou outra palavra e assim percam o contexto da trama? Porque será que, neste país à beira mar plantado, não existe uma alma pensadora que decida incluir legendas em português para deficientes auditivos, tal como acontece nas edições americanas ou inglesas (e não só)?
Indignação 2: Terei de ver o filme "Alice" com legendas em Inglês de modo a usufruir ao máximo do filme, sem estar atento ao minimo detalhe...
Tristeza: Ver os DVD´s de series infantis da minha infância como "Marco", "Heidi", "Abelha Maia" e não os poder comprar por estarem dobrados em português, tornando ainda mais complicado para quem tem aparelho auditivo, ou é surdo, perceber o que acontece ou se diz.
Oasis: Existe pelo menos uma coisa diferente neste aspecto, os DVD´s "Bob o Construtor" já saem com linguagem gestual como opção de "legenda" e isso é de saudar num país onde se trata tão mal quem tem deficiências, das quais não tem qualquer culpa.
Conclusão: Eu não tenho medo de dizer que tenho aparelho e que nem sempre ouço bem, quem gosta de mim assim gosta e quem não gosta que se ponha de lado... sou uma pessoa por inteiro e não deixo que me diminuam por isso ou por qualquer outra coisa.
Quero deixar por fim um abraço a todas aquelas pessoas que convivem diariamente com o drama da surdez, bem hajam e sejam felizes, na medida do possivel, sem nunca perderem a esperança.
Carpe Diem.

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Para ti...
"... Todos nós vivemos devorados pela necessidade de sermos amados, mas temos medo da insegurança de amar..."

Carpe Diem.

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Encruzilhadas
A Feira do Livro para mim é um alegre suplício porque lá gasto umas massas mas venho apetrechado de muitos livros e quando o "Livro do Dia" é o livro de Tim Burton (já referido neste blog) e o ultimo de Ian McEwan, não há como resistir...
Desta feita trata-se de um pequeno conto (128 págs. na edição portuguesa da Gradiva) que retrata a noite de núpcias de um casal (Edward e Florence) no dealbar dos anos 60... com um ritmo intenso e seco, o autor oferece-nos mais uma pérola a juntar a obras superiores como "Amesterdão" (Booker Prize em 1998), "Expiação" (provavelmente a sua melhor obra até ao momento e, em breve, adaptada ao cinema) e "Sábado".
O pressuposto deste livro é idêntico ao de "Sábado", parte de uma situação simples de onde emergirá a violência e as escolhas sao feitas de forma precipitada.
Trata-se de um casal que desenvolveu um namoro casto e para o qual a noite de núpcias tem significados muito diferentes, para ele é a forma de se libertar e ter sexo com a mulher que ama depois de longo tempo sem lhe tocar e para ela é uma provação porque o sexo repugna-a (a justificação para isto é sempre subentendida mas explicada de forma poderosa pelo não dito) e essa noite torna-se o adiamento do facto consumado.
A acção desenrola-se num Hotel junto à praia do titulo, contudo não é isso o principal (nem a noite de nupcias o é) mas sim, como habitual em McEwan, o perfil psicológico das personagens e a intensidade que elas transportam para a Vida. Acima de tudo, tratam-se de opções e de escolhas que podem modificar para sempre o rumo de uma vida...
Que caminho tomar perante um cruzamento? Aceitar o que parece inominável ou ser paciente e esperar o tempo que for preciso? Acreditar que o Amor pode ultrapassar qualquer barreira ou antes pelo contrário pensar que apenas o momento interessa? Todas estas questões se colocam neste magnifico pequeno livro que percorre, em termos temporais, as décadas de 60/70/80 e 90 e está tão actual como se as personagens estivessem agora no presente.
Não me refiro ao aspecto do amor casto e puro no sentido de não haver sexo antes do casamento (apesar desta situação ainda existir), mas no facto de hoje em dia existir falta de paciência, pouca compreensão, inércia, discussões sem sentido ao primeiro precalço num relacionamento a 2... perdeu-se um pouco a ideia de ouvir e sentir o outro, de esperar, de dar tempo para que ambos se sintam bem...
Leiam este pequeno livro e pode ser que vos abra o interesse por descobrir a obra desse grande autor inglês que procura no quotidiano e nas pequenas coisas da Vida, a inspiração para os seus contos/romances.
Carpe Diem.

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Estará o homem louco?
Quem me conhece sabe que destesto este senhor que aparece aqui na foto da direita e, apesar de adorar ler, não suporto os seus escritos... no entanto, desta vez é que ele enloqueceu através de uma entrevista ao DN, reproduzo aqui um excerto:
"...
DN: Qual é o futuro de Portugal nesta península?
JS: Não vale a pena armar -me em profeta, mas acho que acabaremos por integrar-nos.
DN: Política, económica ou culturalmente?
JS: Culturalmente, não, a Catalunha tem a sua própria cultura, que é ao mesmo tempo comum ao resto da Espanha, tal como a dos bascos e a galega, nós não nos converteríamos em espanhóis. Quando olhamos para a Península Ibérica o que é que vemos? Observamos um conjunto, que não está partida em bocados e que é um todo que está composto de nacionalidades, e em alguns casos de línguas diferentes, mas que tem vivido mais ou menos em paz.
DN: Integrados o que é que aconteceria?
JS: Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento nesse tipo de aproximação e de integração territorial, administrativa e estrutural. Quanto à queixa que tantas vezes ouço sobre a economia espanhola estar a ocupar Portugal, não me lembro de alguma vez termos reclamado de outras economias como as dos Estados Unidos ou da Inglaterra, que também ocuparam o país. Ninguém se queixou, mas como desta vez é o castelhano que vencemos em Aljubarrota que vem por aí com empresas em vez de armas...
DN: Seria, então, mais uma província de Espanha?
JS: Seria isso. Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar. O Ceilão não se chama agora Sri Lanka, muitos países da Ásia mudaram de nome e a União Soviética não passou a Federação Russa?
DN: Mas algumas das províncias espanholas também querem ser independentes!
JS: A única independência real que se pede é a do País Basco e mesmo assim ninguém acredita.
DN: E os portugueses aceitariam a integração?
JS: Acho que sim, desde que isso fosse explicado, não é uma cedência nem acabar com um país, continuaria de outra maneira. Repito que não se deixaria de falar, de pensar e sentir em português. Seríamos aqui aquilo que os catalães querem ser e estão a ser na Catalunha.
DN: E como é que seria esse governo da Ibéria?
JS: Não iríamos ser governados por espanhóis, haveria representantes dos partidos de ambos os países, que teriam representação num parlamento único com todas as forças políticas da Ibéria, e tal como em Espanha, onde cada autonomia tem o seu parlamento próprio, nós também o teríamos.Há duas Espanhas.
..."
Digam lá se não é loucura? Depois de Soares a elogiar Hugo Chavéz só posso chegar à conclusão de que a senilidade atacou as nossas figuras seculares...
Carpe Diem.

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Os 7 Mais
No filme "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain" descrevia-se, a certa altura, algumas coisas que se gosta na vida, aqui vão 7 coisas que me entusiasmam:
- Comprar o DVD de um filme que amei no cinema;
- Abrir um livro novo e sentir o cheiro do papel ainda não mexido;
- Adoro conviver com os meus amigos, seja em casa ou no café;
- Adoro ir ao cinema e sair de lá surpreendido ou com "um murro no estômago";
- Gosto de sentir aquele frémito pelo corpo todo quando se ama alguém;
- Adoro a minha familia e dar/receber carinho;
- Amo o cheiro da terra molhada e olhar a Lua num céu rodeado de estrelas.
Muitas mais coisas me interessam na Vida, o que importa é sempre viver o presente porque o passado já foi e o futuro ainda não chegou... sobretudo importa gostarmos de nós mesmos para depois sim apreciarmos os outros.
Apesar de hoje em dia as pessoas terem tendência para se afastarem umas das outras, nunca percam a esperança de descobrir o outro e arrisquem mesmo que isso vos magoe ou não vos leve a lado nenhum... se nunca tentarmos não saberemos o que pode acontecer.
Carpe Diem.

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A nova Battlestar Galactica
Na minha juventude era viciado numa série de ficção de 1978 chamada "Battlestar Galactica", ao ponto de me transformar em Adama (mais pelo porte do que pela importância da personagem)... infelizmente a série foi cancelada ao fim de 22 episódios (correspondente a 1 temporada) gerando, contundo, uma imensa legião de fãs.
Depois da saida do pack DVD com a série original que, a propósito, envelheceu muito mal, foi-nos dado a oportunidade de conhecer o remake, em exibição nos EUA na 3ª Temporada, no mesmo formato sem que tenha passado nos canais nacionais.
Trata-se de uma série completamente remodelada, que mantém a premissa original da guerra Humanos/Cylons e os nomes das personagens podendo, contudo, ser considerada a série mais pós 11 de Setembro da actual Tv americana.
A nova série baseia-se num pressuposto fantástico de que os Cylons foram criados pelos humanos e se rebelaram, contudo e passado 40 anos, conseguiram transformar-se em humanos... existem Cylons que não sabem que o são e por isso são considerados "agentes adormecidos" (isto soa a qualquer coisa, não?). Ao mesmo tempo, na Galactica, existe uma zona de memorial a quem faleceu durante o ataque dos Cylons que me parece decalcado dos memoriais pós-11 Setembro.
A guerra Humanos-Cylons mantém-se, no entanto, a série encontra-se totalmente renovada com um Adama (Edward James Olmos) com uma relação conflituosa com o filho Apollo (Jamie Bamber), sendo este menos "santo" e "puro" do que o original. A personagem Starbuck tornou-se mulher (Kate Sackhoff) mas com os mesmos traços do personagem original (charuto, loucura e vicio do jogo), criando assim uma interessante clivagem entre homens/mulheres e um relacionamento completamente diferente com Apollo.
Na galeria de personagens principais encontramos ainda uma presidente para as 12 colónias (Mary McDonnell) que era uma secretária de estado da educação e se encontra a morrer de cancro, o vilão original que aparenta deter mais nuances do que apenas ser mau (Gaius Baltar - James Callis), um Boomer feminino que não é propriamente quem diz ser (Grace Park) e por fim uma Cylon muito sexy e perigosa com o nome de "Number 6" (Tricia Helfer).
Cada episódio surpreende e torna uma série antiga em algo viciante, sério, inteligente e sobretudo inovador... basta seguir todo o segmento inicial da minisérie (não disponivel em Portugal, mas que pode ser encomendada na Net, com legendas em Inglês) é um portento que vos vai deixar agarrados ao sofá.
Se puderem comprem os 3 packs (Minisérie, 1ª e 2ª Temporada) e deliciem-se com o que de melhor se faz actualmente, no âmbito da Ficção Científica nos EUA, pelas mãos do criador da serie Deep Space Nine, Ron Moore.
Carpe Diem.

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Mau é...
Ter um cartaz assim no Super Bock Super Rock e ninguém para me acompanhar... vejam o sonho de qualquer indie que se preze:

03 Julho:
- Arcade Fire (simplesmente assombrosos ao vivo e em CD)
- Bloc Party
- Klaxons
- The Magic Numbers
- The Gift
- Bunnyranch

04 Julho:
- The Jesus and Mary Chain (ressuscitaram)
- LCD Soundsystem (pop mais pop não há)
- Maximo Park
- The Rapture
- Clap Your Hands Say Yeah (mais um momento de alegria junto com os Arcade Fire)
- Linda Martini
- Mundo Cão

05 Julho:
- Underworld
- Interpol
- Scissor Sisters (hendonismo ao máximo)
- Tv on The Radio
- The Gossip (a vocalista mais "sexy" do planeta)
- X-Wife
- Micro Audio Waves
- Anselmo Ralph

Finalmente um Festival com o ar do seu tempo e com as bandas no momento certo, os meus parabéns à organização.

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