Cinema e Livros... Dupla perfeita!!
Depois de uma longa espera e expectativa, eis que fui assistir ao 4º filme da saga Indiana Jones, desta feita uma aventura em busca de uma caveira de cristal com poderes, digamos, sobrenaturais.
Será que, após um terceiro filme simplesmente perfeito, havia a necessidade de mais um? Na minha opinião, o filme encontra-se muitos furos acima de qualquer blockbuster actual (espero que o novo Batman venha a suplantar este nível) e a emoção/humor de Indy mantém-se, no entanto... a história é fraca, muito fraca... já se viu o mesmo tema no filme baseado na série Ficheiros Secretos, contudo tratado de outra forma, originalidade zero portanto.
O que fica deste filme? Uma grande aventura, o retorno de Harrison Ford (Indiana Jones) e Karen Allen (Marion Ravenwood, a apaixonada de Indy do primeiro filme), o humor característico da série adicionando a idade do heroi que é igual à do actor e o cinema físico de aventuras, com menos efeitos especiais (não deixando de os ter em larga escala) e os pequenos "easter eggs" para os fãs como o rápido travelling no armazém a mostrar a Arca da Aliança.
O menos bom será a história (escrita a 3 e após muitos rascunhos e isso nota-se) e a personagem do filho de Indy (Shia LaBeouf) que me pareceu fraca e inconsequente para a história, não por culpa do actor mas da personagem mesmo... parece-me que vão pegar nele para continuar o franchise e a sequência final com o chapéu tudo o indica... ou seria antes uma indicação de que Indy só há um? Espero que seja esta última a razão. De qualquer modo, uma grande aventura "à antiga" para ver, ainda que se esqueça pouco depois.


Dado que os cinemas onde costumo ir (Monumental/King) ficam perto do Parque Eduardo VII, lá fui espreitar mais uma Feira do Livro que, após a intensa polémica (desta vez com o stand da Leya) do costume, lá abriu as suas portas e se mantém até 15 de Junho.
O que acho mais engraçado é observar a quantidade de pessoas que anda a passear pelas barraquinhas e a comprar livros como se os descontos realmente compensassem, lamento informar mas... não compensam!!! A unica excepção a isto ocorre nos chamados "Livros do Dia", no fundo de catálogo e em um ou outro stand com livros muito especificos (a saga de George R. R. Martin está a vender como pãezinhos quentes porque o preço compesa face às livrarias, por exemplo)... a regra geral é encontrarem livros mais barato na FNAC ou nos hipermercados!!
No que respeita à polémica dos pavilhões da Leya, pois bem, não são nada de especial... dispõe os livros de uma forma diferente e o modo de pagamento é igualmente diferente dos outros stands, contudo, não me parece que esteja aqui uma solução inovadora para a Feira.
Acabei por adquirir 3 livros (ainda me falta um, que estava esgotado), 2 policiais e o 4º volume da saga "As Crónicas de Gelo e Fogo" de George R. R. Martin, a saber:
- "Promete-me" de Harlan Coben (Editorial Presença)
- "Morte no Bosque" de Harlan Coben (Editorial Presença)
- "O Despertar da Magia" de George R. R. Martin (Saida de Emergência)
A Feira continua a ser, mesmo que não se compre nenhum livro, uma fonte de vida no Parque e um belo passeio, com uma vista estupenda, principalmente se começarmos junto à "escultura" (?!) do Cargaleiro.
Carpe Diem.

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Um Festival a não perder
No meio de tanto Festival de Musica que pulula pelo País nos meses de Verão, este ano tenho de destacar um e num dia concreto... não se trata do Rock In Rio porque esse não inova mas sim o Optimus Alive, versão 2008.
O Festival vai decorrer no Passeio Maritimo de Algés de 10 a 12 Julho e eu quero aqui destacar a maravilha que será o dia 10, ora vejam só quem vem:
- Rage Against the Machine
- Gogol Bordello
- Cansei de Ser Sexy
- The National
- Spiritualized
- MGMT
- The Hives
- Vampire Weekend
- Sons of Albion
- Tiga
- Peaches (DJ Set)
- Galactic
- Boys Noize
- Hércules and Love Affair
Se isto não é um programa indie de sonho não sei o que será... os 4 primeiros já tinham sido anunciados há muito e deixaram-me logo água na boca mas, saber que também vêm as novas coqueluches Vampire Weekend e MGMT, bem como o DJ Tiga e a iconoclasta Peaches rematando tudo com a nova experiência musical de Anthony (Hércules and Love Affair) faz-me querer lá estar!!!
Carpe Diem.
PS: Nos outros dias também existem boas pérolas como Nouvelle Vague (11), The Gossip (12) e Ben Harper (12).

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Pura Magia
Tive ontem o prazer de assistir a mais um espectáculo do Cirque du Soleil ao vivo, desta feita o "Quidam" e, mais uma vez, sai maravilhado.
A minha primeira experiência com eles surgiu o ano passado aquando da passagem do show "Delirium" que era, no fundo, um "best off" do Cirque e apresentava-se em formato arena, forma pouco habitual desta trupe.
Pois bem, este show que nos visita agora é apresentado em chapiteau, numa tenda enorme onde se desenrola toda a fantasia de um Mundo... poderia contar aqui a história em que se baseia o show, contudo isso nunca é o mais importante... no Cirque o que conta é estarmos (neste caso durante cerca de 2 horas e meia, com 15 minutos de intervalo) longe de tudo e deixar-nos levar pela magia.
Trata-se de um universo reconhecivel, o circo, com novas sensações desde as "skipping ropes" (saltos à corda alucinantes), "german wheel" (um homem e uma roda), "diabolos" (esses mesmos que andaram na moda há uns tempos), "banquine" (pirâmides humanas), "aerial hoops" (3 mulheres em argolas suspensas do tecto) até um mimo completamente alucinante que me fez rir às lágrimas...mas o show é isto e muito mais, tem côr, alegria, magia e musica.
Venham eles por cá mais vezes que eu lá estarei, ainda faltam muitos espectáculos para ver ao vivo em Portugal, haja vontade e sobretudo alegria!!
Carpe Diem.

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Literatura de Fantasia

Na minha opinião, quando quero relaxar de leituras mais exigentes refugio-me na chamada literatura de "high fantasy" que tem, em todo o Mundo, milhões de seguidores.
Um exemplo claro deste género que falo é a triologia do Anel de Tolkien e todos os livros que este escreveu derivados desta, contudo, a literatura fantástica tem vindo a evoluir e a melhorar constantemente.
Actualmente, publicam-se em Portugal duas grandes séries de dois autores conceituados internacionalmente no âmbito deste género literário, as séries "A Roda do Tempo" de Robert Jordan (Bertrand Editora - imagem aqui à direita) e "As Crónicas do Gelo e Fogo" de George R. R. Martin (Saida de Emergência - foto em baixo à esquerda).
Perguntam vocês qual a novidade destes livros e a resposta que vos posso dar é: "leiam e descubram". Para quem não se quer dar a esse trabalho eu explico, são histórias enormes já que a série "A Roda do Tempo" tem 12 volumes (3 editados em português até ao momento) e "As Crónicas do Gelo e Fogo" tem 6 (4 já publicados em português).

Assustados? Se eu disser que cada volume da primeira série tem, em média, entre 600 e 800 páginas o medo deve estar a agarrar alguns de vós, mas... ambas as séries, que ando a seguir avidamente conforme vão sendo lançados novos volumes, são "estupidamente" viciantes.
É certo que obrigam algum esforço de memória para situar toda a história dada a diferença temporal de publicação mas o gozo que dão a ler compensam largamente esta situação.
A primeira série é uma fantasia que se aproxima mais de Tolkien com a luta entre o Bem e o Mal, misturando humanos com seres misticos e uma mitologia poderosa e arrebatadora que levaria muito tempo a explicar aqui.
Já a segunda é bem mais terrena sendo, acima de tudo, um relato das intrigas entre grandes casas senhoriais pelo poder e fortuna... um enredo mais terreno e mais realista onde as descrições são fortes e ninguém se encontra a salvo, nem mesmo quem consideramos como principais personagens.
Vale a pena arriscar nestes livros, quanto a mim foi uma aposta ganha de ambas as editoras e, se me permitirem, retiro-me para ler mais umas páginas do livro "A Muralha de Gelo" (2º volume da série "As Crónicas de Gelo e Fogo").
Carpe Diem.

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O Amor tem sabor de Mirtilhos?

Existem filmes mágicos que nos perduram na memória, seja por uma única imagem, uma música, um olhar, uma frase ou até um diálogo inteiro... depois há aqueles filmes que, apesar de não serem perfeitos, têm muita força e, mesmo dentro da imperfeição, encontra-se a beleza e esse é o caso do filme "My Blueberry Nights - O Sabor do Amor", realizado por Wong Kar Wai.
No fundo, tratam-se de 3 histórias que não se cruzam, mas são cruzadas por uma personagem, Elizabeth (Norah Jones), uma mulher que largou tudo para estar com um homem que a vem a trair, uma mulher que acredita nos outros e por isso sofre, uma mulher que encontra a redenção junto de uma tarte de mirtilhos e de um dono de café que apenas queria correr todas as maratonas do Mundo.
Quanto a mim, a história mais bem conseguida é aquela que atravessa todo o filme, o relacionamento entre Elizabeth e o dono de um café em Nova York, Jeremy (Jude Law), um homem que vive de recordações (suas e dos outros) e tremendamente sentimental que sente a vida a fugir-lhe, à frente dos olhos. Depois há a história de um casal, Sue Lynne (Rachel Weisz, magnifica) e Arnie (David Strathairn, intenso), que se amam de uma forma muito peculiar e uma jogadora de poker, Leslie (Natalie Portman), que se julga muito independente estando contudo irremediavelmente só.
É um mundo em perda, um conjunto de personagens desiludidas com a Vida, são pessoas sozinhas e abandonadas... abandonadas pelo amor, pela fé, pelo carinho, pelo excesso de amor... são pessoas que duvidam dos outros, já que é sempre mais fácil fugir do que entregar uma parte de nós... e, no meio de tudo, temos 2 personagens que ainda acreditam, que se entregam, que sonham e que esperam conseguir um dia atravessar a rua e ver o que a porta do outro lado lhes tem para oferecer.
O filme apenas não é perfeito porque perde um pouco o ritmo a meio (a transição entre as histórias) e Norah Jones, apesar de se sair bem, não é grande actriz. Os diálogos têm momentos sublimes (argumento do realizador) e a realização é bela como sempre nos filmes de Wong Kar Wai, sempre dedicada aos pequenos momentos como aquela mão naquela porta que apenas se entreabre... aliás é de Wong Kar Wai um dos titulos mais belos do cinema, o filme "In the Mood for Love".

Depois há a BSO do filme (imagem da direita) com musicas de ambiente Jazz (Cassandra Wilson, Ry Cooder, Otis Redding, Norah Jones...) e uma musica final a ilustrar, quanto a mim, a cena mais bela do filme... um segundo beijo, correspondido, sob um balcão com a doçura de uma tarte de mirtilhos.
A musica chama-se "The Greatest", cantada por Cat Power (Chan Marshall) que faz uma pequena, mas substancial, aparição no filme enquanto Katya, uma ex (ou a mulher por quem ele sempre esperou e por causa de quem nunca abandonou o seu café) de Jeremy. O reencontro deste casal tem um diálogo que me ficou na memória e que traduz uma grande verdade... uma chave que se guarda pode vir um dia a reabrir uma porta, mas isso não quer dizer que alguém esteja do outro lado.
Aconselho o filme a todos aqueles que acreditam e também a quem acha que isso do Amor são fábulas de crianças... é certo que não há pessoas inocentes ou totalmente boas como a Elizabeth do filme mas, certamente, há sempre uma porta que se pode abrir.
Carpe Diem.

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Para os fãs de Tim Burton

Para quem, como eu, é viciado em animação "made by" Tim Burton aqui fica mais uma pequena pérola.

Desta feita é uma animação para o videoclip "Flowers MV" de Emilie Simon.

Carpe Diem.

 
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Um show de Camille

É uma cantora/performer francesa que deslumbra com o poder da sua voz,reparem como usa todo o seu corpo para a apresentação da musica.

O video é uma performance live à capella onde se descobre todo o seu potencial, vejam mais videos no You Tube e fiquem maravilhados.

Vai sair em breve um novo registo dela, desta vez em inglês, de seu nome "Music Hole". Descubram-na e maravilhem-se...

Carpe Diem.

 
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Tributo a Deolinda II

Aqui fica um cheirinho do concerto dos Deolinda ontem no Coliseu dos Recreios, assim talvez percebam o fascínio.

Carpe Diem.

 
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Tributo aos Deolinda


Quando se diz que a musica portuguesa não se sabe reinventar pois eis que alguém aparece para contrariar este facto. O que anda agora a rodar no meu carro é o CD cuja capa aparece aqui em cima, os Deolinda com o seu primeiro CD chamado "Canção ao Lado". É simplesmente arrebatador!!
Para quem não os conheça pergunta-se, o que têm eles de especial? Pois bem, antes de mais é uma banda que se criou em palco antes de lançar um CD e com isso formaram uma imagem e um núcleo duro de fãs e o inevitável "boca a boca". Depois têm, desde o seu inicio, um grafismo excelente da autoria de João Fazenda.
Para terem uma ideia do grafismo, em cima têm a Deolinda e em seguida a contracapa do CD com um manancial de artistas importantes em Portugal:


Mas voltam vocês a perguntar, o que é a Deolinda? É fado? É musica popular? Pois bem, eles são Fado mas como nunca o ouviram, Fado que dá para bailar, Fado para ouvir e cantar, Fado para bater palmas, Fado com letras deliciosas, Fado com guitarra portuguesa mas também ritmos brasileiros/africanos/jazzisticos... Deolinda é modernidade com o passado à vista, é teatro com sentimento, é uma voz potente que pertence a Ana Bacalhau (antiga vocalista dos Lupanar), tem dois irmãos da Damaia (Pedro da Silva Martins e Luís José Martins, guitarras e outros instrumentos) e um contrabaixista (José Pedro Leitão).
Arrisquem e ouçam musica portuguesa, deixem-se surpreender... Fado tradicional é Camané, Fado original são os Deolinda... como eles próprios se definem no seu site (www.deolinda.com.pt):
"O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece, solteira de amores, casada com desamores, natural de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos subúrbios da capital. Compõe as suas canções a olhar por entre as cortinas das janela, inspirada pelos discos da grafonola da avó e pela vida bizarra dos vizinhos. Vive com dois gatos e um peixinho vermelho"
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 11 (O último)
Tudo o que é bom acaba depressa, após 22 sessões (12 de filmes de Johnnie To + 10 filmes diversos) e muita diversão e descoberta, acaba mais uma edição do Indie Lisboa... ao contrário dos anos anteriores, o último dia não foi apenas dedicado aos vencedores e, por isso, aproveitei para assistir a mais 3 filmes de Johnnie To e assim encerrar a mini retrospectiva deste realizador.



O inicio do dia deu-se com o filme "Throw Down" (2004), que presta um tributo a um realizador que influenciou Johnnie To, o imenso Akira Kurosawa. Retrata a história de 3 jovens solitários, um campeão de judo em declínio e em vias de ficar cego, um entusiasta de judo que toca saxofone e se diverte a marcar combates com todos aqueles que têm importância neste desporto e uma cantora pretendente a estrela (seja lá onde isso for) que se encontram num bar manhoso de Hong-Kong e se incitam mutuamente a perseguir os seus sonhos.
Trata-se de um filme com imensa paixão pelos personagens, que acredita na força de sonhar e de perseguir os sonhos mesmo que não se consigam atingir logo à primeira vez... a sequência final num milheral é sublime e confirma, mais uma vez, To como um cineasta dos sentidos e da beleza musical mesmo que sem musica.



O segundo filme chamou-se "Loving You" (1995) e trata-se do primeiro filme pessoal de Johnnie To sobre um policia bom profissional, mas negligente enquanto marido que é baleado na cabeça... sobrevive mas perde os sentidos do paladar e do cheiro.
Todo o filme se baseia em dois vectores, por um lado as tentativas de reconcialiação com a mulher (grávida de outro homem mas que não o abandona quando ele fica mal) e por outro a procura obsessiva do atirador para acabar com a vida do policia. No fundo, é um policial diferente já que a relevância não está tão centrada na vingança do atirador mas sim na tentativa do policia em recuperar o amor da mulher, mesmo que para isso tenha de perfilhar um filho de outro e é esta nuance que torna o filme ainda mais intenso.
Só quero salientar uma sequência em que o policia e a mulher (raptada pelo atirador e numa cadeira de rodas) fogem "a correr" por um corredor enquanto um andar inteiro do edificio em que se situam explode... simplesmente estupendo e, quiçá, hilariante.

Para terminar o Indie em beleza nada melhor que o filme "Running on Karma", que retrata a história de um antigo monge que se torna stripper (o grande actor Andy Lau) e consegue ver o Karma das pessoas. Como já devem imaginar por esta pequena descrição, trata-se de um filme desbragado com muita comédia e misticismo à mistura, onde a suspensão da realidade tem de ser total para que este resulte.
Entretanto o stripper monge envolve-se com uma policia, tentando ajudá-la a ultrapassar o seu karma já que, por ter sido um soldado mortifero noutra vida, deve sofrer em todas as vidas futuras. O filme começa como uma fantasia de acção (um contorcionista assassino a sair de uma minuscula caixa de cartão), passa para comédia, envereda pelo thriller romântico e termina num tratado filosófico budista... tudo isto com uma imensa fluência e "savoir faire" de To.
Mais um grande filme e um enorme festival, aos seus criadores volto a agradecer encarecidamente por mais um ano de excelentes descobertas, algumas desilusões (Cap Nord) e a oportunidade de poder delirar, sorrir, chorar e ficar apaixonado pelo cinema de Johnnie To.
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 10


O penúltimo dia foi recheado com 2 filmes do realizador de Hong Kong, Johnnie To: "PTU" (2003) e "Wu Yen" (2001). Excepcionalmente, dispensei este ano a cerimónia de encerramento por não ser apreciador dos filmes de Ken Loach, contudo, fico contente por 3 dos filmes que vi terem sido premiados: "Momma´s Man" (Prémios Distribuição e Fipresci), "Sleeping Betty" (Pémio do Publico para Melhor Curta-Metragem) e "Son of Rambow" (Prémio do Público, rubrica Indie Junior).

Retornando aos filmes, o primeiro do dia chamou-se "PTU" (Police Tactics Unit) e retrata as peripécias de um inspector da policia que perde a sua arma numa rixa com um grupo de deliquentes e a sua corrida contra-relógio para a recuperar antes que seja usada em algum crime. O inspector recorre à ajuda de um oficial da PTU (uma força militar/policial que usa a força de forma abusiva) para reaver a arma antes da noite terminar. Pelo meio surge uma guerra de gangsters, um outro grupo de policias conhecido pela sigla CID entra em acção para vigiar o inspector e a PTU, culminando tudo num final apoteótico numa rua onde todos se juntam e ainda 4 irmãos que aparecem no sitio e hora errada... para cúmulo, a arma estava mais perto do que se poderia imaginar.

Trata-se de mais um filme de To onde a calma impera, sem que nada se passe, mas tudo acontece (parece contradição mas quem conhece o realizador sabe do que falo)... resultando num final em crescendo com um tiroteio como um bailado e um ajuste de contas entre assassinos. Mais um filme altamente recomendado por este estaminé.

O segundo filme da noite, "Wu Yen", é algo completamente diferente de tudo o que passou no Indie Lisboa sobre Johnnie To, tratando-se de uma opereta (em registo de comédia) tradicional de Hong Kong ("Lunar New Year"), acerca de um Imperador preguiçoso e amante do ócio com mulheres e a sua indefinição entre a "feia" guerreira Chung (destinada a casar com o Imperador) e uma Fada Encantada e preversa que pretende estragar os planos dos 2, apenas porque se apaixonou por Chung.

Tudo isto é representado por um triângulo amoroso, sexualmente ambivalente, já que as personagens principais distribuem-se por 3 actrizes que vão mudando de registo entre homem e mulher, com o Imperador a ser interpretado sempre por uma mulher (Anita Mui, estupenda). Trata-se de um filme demasiado longo (123 minutos) para uma história tonta (mas divertida) e repetitiva (apesar de quando se assiste ao filme não se notar).

Quero apenas salientar neste filme, além da loucura das interpretações, as sequências de batalhas são apresentadas como se de representações de teatro de sombras se tratassem e tem um momento brilhante com um jogo de Mahjong.

Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 9
Chegado quase ao final do Indie (faltam apenas 2 dias e 5 filmes), o dia de hoje foi ocupado apenas com uma pelicula, o mais recente filme do rebelde do cinema americano Harmony Korine, chamado "Mister Lonely".

O que dizer acerca desta bizarria? Primeiro tem o genérico mais hilariante dos ultimos tempos, um imitador de Michael Jackson em cima de uma mota miniatura a puxar um macaco de peluche ao ritmo de uma musica lacinante de refrão "i´m so lonely", todo um programa e explicação para os 112 minutos de filme.
Trata-se de um filme com 2 histórias que nunca se cruzam, a primeira é o referido imitador de Michael Jackson (Diego Luna) que se dedica a imitá-lo nas ruas de Paris até que encontra uma imitadora de Marilyn Monroe (Samantha Morton) que o convida para uma comunidade de imitadores... lá se encontra o seu marido, Charlie Chaplin e a sua filha, Shirley Temple... também fazem parte da comunidade os 3 Estarolas, James Dean, Capuchinho Vermelho, Abe Licoln, a Rainha de Inglaterra (que dorme com o Papa), Madonna entre outros. No fundo, esta comunidade representa um local de sonho onde cada um destes desenraizados da vida encontra o seu espaço, conseguindo ser alguém em detrimento dos "loosers" que realmente são.
Como diz o imitador de Michael Jackson, ele sempre quis ser alguém diferente quanto mais não fosse para ocultar o facto de nunca ter tido sucesso com o seu verdadeiro "eu". O final acaba por ser uma vitória da verdade e o inicio da descoberta da sua verdadeira personalidade.
Intercalando a história dos imitadores, seguimos um grupo de freiras pertencentes a uma missão situada na selva. Estas descobrem, ao saltar acidentalmente de um avião enquanto largam comida, que Deus as protege quando saltam sem paraquedas e isso leva a momentos hilariantes no filme (como a freira que salta em cima de uma bicicleta). Chega a tal ponto que o Papa reconhece o feito destas freiras como um milagre, até que a viagem ao Vaticano não corre como esperado...
No fundo, é um filme irregular, interessante na sua premissa no que respeita à história dos imitadores, mas que vacila quando coloca as freiras em cena e as vozes off com palavras de fé e misticismo.
Carpe Diem.




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Indie Lisboa 2008 - Dia 8
O primeiro filme do dia começou com um pequeno precalço, não habitual no Indie (pelo menos não com tanto tempo), um atraso em cerca de 30 minutos no seu inicio o que inviabilizou assistir ao inicio do segundo filme do dia, contudo, são situações que surgem a quem tem horários apertados e quer aproveitar o Festival ao máximo.
Tratou-se do unico filme da Competição Internacional a que assisti este ano, "Momma´s Man", realizado por Azazel Jacobs (EUA). Trata-se da história de um homem, Mikey (Matt Boren), nos seus 30´s, em visita a casa dos pais. É um filme forte, acerca do limiar entre o final da juventude e o inicio da idade adulta, ou melhor, entre o tempo de solteiro descomprometido e o de marido e pai.
Mikey começa por passar uns dias com os pais numa casa espantosa, recheada de espaços como se de uma gruta de Ali Babá se tratasse, onde recorda a sua juventude, revê antigos amigos ou amores, socorre-se do afecto dos pais (ainda que a uma mãe super protectora temos um pai estranho e muito silencioso), no fundo, escondendo-se da sua Vida... arranja diversas desculpas para deixar de viver e regressar ao tempo em que não existiam responsabilidades, o Mundo seria bem mais simples baseado em musicas pueris, comics e muita preguiça.
A particularidade deste filme é tornar uma situação caricata num momento de humor bastante negro, porque nos podemos rever em Mikey mas também porque ele se sente ridiculo e não sabe o que deseja. O realizador Jacobs utilizou a sua casa/loft de infância bem como os seus pais para interpretarem a familia de Mikey, trata-se de um exercicio meta-pessoal puro que se estranha pela raiz autobiográfica forte. Um filme interessante e que merece ser visto, como não vi a restante competição não posso afirmar se será uma hipótese para prémio no dia 03 Maio.
O segundo filme do dia foi o "Let the Right One In", inserido na rubrica Laboratório, realizado pelo sueco Tomas Alfredson, uma inovadora história de vampiros passada na juventude. É certo que o cinema de terror já não consegue inovar, ultimamente, tem recorrido ao sistema de câmera na mão (Cloverfield, Terra dos Mortos ou REC) em detrimento de uma boa história de personagens.
Este filme sueco, em minha opinião, representa uma lufada de ar fresco no género, contando a história de Oskar, um rapaz frágil e ansioso de 12 anos que é constantemente atacado pelo "bully" da escola e uma rapariga misteriosa da mesma idade e chamada Eli que vem morar com o pai para o apartamento ao lado do dele.
O filme baseia-se na amizade/primeiro amor que se vai criar entre as duas crianças, com a particularidade de Eli ser, no fundo, uma vampira. Não se trata de um filme puro e duro de terror, é sobretudo um filme baseado em personagens, em relacionamentos e não tanto no sangue ou em cenários macabros... por falar em cenários, o filme aproveita de forma espantosa todo o ambiente em redor das personagens com paisagens geladas e neve sempre a cair contrabalançando o sangue com o branco.
A história de Oskar e Eli é apresentada de uma forma muito sensível, como em toda a sequência da comunicação via parede, e nunca pensamos em Eli como sendo uma vampira mas sim como uma pessoa que apenas quer viver a Vida sem saber como e que acabará por ajudar Oskar a ganhar confiança em si mesmo e a mudar o estilo de vida. Uma bela surpresa do Indie e que lamento não venha a ter estreia comercial em Portugal.
Carpe Diem.


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