Indie Lisboa 2008 - Dia 7
Hoje tive o prazer de entrar pela primeira vez no Teatro Maria Matos, pelo menos desde a sua remodelação, e devo dizer que fiquei agradado com a sala e, sobretudo, com o conforto das cadeiras.
O filme que me levou a esse espaço chama-se "Boxing Day", inserido na rubrica Laboratório, e foi realizado por Kriv Stenders (Austrália). Trata-se de mais um filme em formato digital, com a particularidade de ter sido rodado em tempo real e plano único, retratando uma tarde na vida de Chris, alcoólico em recuperação e pai alienado (um extraordinário Richard Green que também assina o argumento).
Seguimos então os passos de Chris quando se prepara para receber a sua familia, estando este sob vigilância domiciliária, quando recebe a visita de um velho amigo com uma revelação chocante acerca do actual namorado da sua ex-mulher... os convidados do almoço são a sua filha adolescente, a ex-mulher e o tal namorado.
Tudo se desenrola calmamente até à chegada do amigo e dai para a frente o filme vai sempre em crescendo até um momento intenso de confrontação entre Chris, o namorado actual da ex, a sua filha e a ex-mulher... um filme suportado pela excelência da interpretação de Richard Green (na foto acima) que consegue transmitir uma grande intensidade ao seu desempenho e, sobretudo, uma necessidade de refrear os seus impulsos para, uma vez, colocar a familia em primeiro plano.
A história não é inovadora e o motivo da desagregação familiar também não (abuso sexual), contudo, o que dá interesse ao filme é mesmo o seu protagonista e como de um momento para o outro se consegue estar bem e logo em seguida cair no abismo... mais uma grande revelação Indie, com um final cantado belissimo.
Como curiosidade, o titulo refere-se ao dia 26 de Dezembro que é feriado em certas partes do Mundo, como Austrália e Inglaterra, abrindo-se a "Christmas Box" (caixa de madeira com presentes), partilhando-se o seu conteúdo com os pobres.
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 6
Quando o Indie deste ano se encontra sensivelmente a meio (ainda me faltam 9 filmes até final), tive o prazer de descobrir mais 2 filmes do grande realizador de Hong Kong, Johnnie To. Desta feita foram os seus dois mais recentes filmes: "Mad Detective" (2007) e "Sparrow" (2008 e filme sensação do Festival de Berlim deste ano).


Antes de falar um pouco dos filmes ainda preciso salientar o imenso prazer que foi assistir ao filme "Sparrow" com uma introdução do próprio To depois de uma grande ovação de um S. Jorge quase esgotado... já para não falar no facto de ter conseguido um autógrafo deste realizador no meu bilhete de cinema que irei guardar religiosamente, em 2 anos consegui ver 2 mestres frente a frente, David Lynch e Johnnie To... uma riqueza!!


O primeiro filme da noite, "Mad Detective", é um misto de filme policial e misticismo. O mais curioso em Johnnie To é o facto dele se apropriar dos diferentes géneros cinematográficos e transformá-los em algo unico e seu. Neste caso, tudo se passa durante a investigação do desaparecimento de um policia por um ex-policia que tem a particularidade de conseguir ver as diferentes personalidades interiores de cada individuo.

Trata-se, claramente, de um filme mais apelativo ao publico oriental, contudo, não deixa de ser composto por sequências magistrais como todo o final com o jogo de espelhos versus personalidades como se se tratasse do eu contra as varias interpretações que este pode ter... ao ponto de não se distinguir o real do imaginado. Um filme diferente e, se não se trata de um To vintage, mesmo assim tem muitas qualidades.

Já o segundo filme, "Sparrow" (tradução portuguesa poderia ser pardal, um pequeno passaro que é um misto deste com tucano em tamanho pequeno) é uma pequena sinfonia de câmara. Um filme musical sem cantigas, o swing da vida, o respirar do momento, um filme inspirado e ao mesmo tempo divertido.
Retrata a história de 4 pequenos meliantes, carteiristas, e bon-vivants, que se cruzam com uma mulher fatal (ela é que lhes aparece à frente) que lhes pede auxilio. Os quatro unir-se-ão para a ajudar numa sequência espantosa em estilo, forma e conteudo, consistindo numa "batalha" de carteiristas à chuva sob chapéus de chuva num bailado sem musica e numa dança sem movimento fixo.
O filme está repleto de pequenos momentos como as fotos tiradas pelo protagonista (em preto e branco para não as descaracterizar), um encontro num elevado com um balão a separar dois corpos, um beijo trocado por meio de um cigarro, o desejo de 2 olhos, uma sequência hilariante num elevador lotado e a referida sequência da batalha à chuva.
Apenas lamento que um filme desta qualidade não tenha distribuição em Portugal depois de ter feito sensação em Berlim... é um misto de drama, acção, romance e "noir". Já não repete no Indie, mas façamos figas para que ainda venha a ser exibido comercialmente ou editado em DVD.
Carpe Diem.



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Indie Lisboa 2008 - Dia 5
O começo de mais uma semana acaba por não permitir os mesmos "excessos" do fim de semana e, como tal, o 5º dia para mim no Indie resumiu-se a apenas um filme. Melhor dizendo, uma média metragem, com duração de 61 minutos e denominada "Cap Nord", realizada por Sandrine Rinaldi e inserida na rubrica Laboratório (espaço mais alternativo do Festival).
Uma critica, qualquer que ela seja, corresponde sempre a gostos pessoais, sentimentos e senso comum do próprio critico/espectador e, no caso do cinema, as sensações (ou falta delas) que o filme gerou nessa mesma pessoa. Pois bem, um Festival que preza a diversidade é muito comum encontrar filmes que não se gostem ou se considerem menos bons mas, igualmente, filmes que acabam por surpreender (exemplo máximo disto é o "Tarnation" do Jonathan Caouette).
O filme "Cap Nord", de origem francesa, tem uma história (?!) reduzida a uma reunião de um grupo de pessoas numa festa, situada na cave de uma casa, sem que se saiba como nem porquê e musicas/danças sem sentido aparente que não seja a diversão... as personagens interagem entre elas, e connosco espectadores, como se de uma peça de teatro se tratasse, através de doses de diálogo inconsequente onde predominam as afirmações de pacotilha e a vacuidade das ideias.
Acima de tudo é um filme com um vácuo intenso no que respeita a ideias, sentimentos e emoções... a questão não está no que não se explica, mas sim, no facto de não ter explicação de todo. O advento das cameras digitais, hoje em dia, permite que qualquer pessoa possa fazer um filme, reflectindo-se na produção global. Se tivermos ainda em conta os 5 minutos (no mínimo) finais, com um plano sequência fixo de uma personagem sem que nada se passe, apenas demonstra um pretensiosismo de um certo cinema francês (e algum europeu em geral) que, felizmente, vai sendo cada vez mais raro.
A minha sorte é que amanhã tenho 2 filmes e ambos de Johnnie To, salve-se isso!!!
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 4
Ao 4º dia do Indie um grande filme, sem ser de Johnnie To, mas já lá chego... o inicio do dia deu-se com o filme "Professora Extraterrestre" , inserido na rubrica Indie Junior, de origem dinamarquesa e realizado por Ole Bornedal. A sinopse do filme prometia mais do que aquilo que ele realmente é: a chegada de uma professora substituta a uma turma, sendo que esta não é mais do que um ser do espaço, proveniente de um planeta onde não existe amor, procurando-o assim na Terra.
É pena que o filme não se consiga definir sobre aquilo que pretende ser, filme de terror, ficção cientifica ou "existencialista" no conceito da diferença entre humanos e aliens residir no sentimento do Amor... contudo, trata-se de um filme que se consegue ver, não tanto para crianças dada a sua tentativa de aprofundar alguns conceitos e ideias. Repete dia 03 Maio às 16 horas.


O segundo filme foi o Johnnie To do dia, "Running Out of Time", desta feita uma história que mistura os "heist movies" (filmes de assalto) com o jogo de gato e rato entre um policia e um ladrão, com a particularidade deste último ter apenas alguns dias de vida por ter um cancro em estado terminal (dai o "ficar sem tempo" do titulo). Apesar de ter grandes momentos de cinema, no sistema visual e creacional inovador de To, trata-se de um filme menos conseguido e até um nada repetitivo, tendo em conta outro filme seu, "Yesterday Once More", que passou numa edição anterior do Indie, o qual repete igualmente o principal actor, Andy Lau.
No entanto, verdade seja dita, mesmo os filmes mais estereotipados de To são superiores a muito filme de acção que por ai circula, tendo este dado origem a uma sequela que não será exibida no Indie.


Para o fim deixo o melhor filme do dia e o melhor do meu Indie, até ao momento, trata-se do mais recente filme do realizador Mike Leigh, de seu nome "Happy-Go-Lucky", que passou em ante-estreia. Retrata a história de uma mulher (Poppy), professora primária com 30 anos e que procura fazer da Vida um Mundo mais alegre e aproveitar ao máximo o que ela tem para lhe oferecer.
Poppy é uma mulher profundamente optimista, vendo sempre o lado melhor de cada situação, vivendo com uma amiga há 10 anos, tem 2 irmãs, estando uma mais perto de si e a outra casada e "aburguesada". Poppy vive sem complexos, aproveita para experimentar coisas novas (por exemplo a dançar Flamenco em diversas sequências hilariantes), tenta tirar a carta de condução (com um professor muito particular), diverte-se na noite, não tem medo de se aproximar dos outros apenas para os fazer sorrir e todos os dias descomprime, após o trabalho, saltando numa cama elástica como se ai pudesse experimentar a sensação de voar.
Como é hábito em Mike Leigh, trata-se de um filme com um cariz realista, onde as personagens vivem no "bas fond" de Londres, contudo, são felizes e contrastam largamente com a vida de suburbio da irmã casada que no fundo é uma recalcada por não poder mais se divertir já que está gravida e casada.
A actriz deste filme, Sally Hawkins (Melhor Actriz no Festival de Berlim) é, simplesmente, sublime!!! Ela consegue transmitir com um sorriso e o movimento do seu corpo toda a energia de Poppy, toda a sua vontade de viver, de sentir, de experimentar novas sensações... é uma Mulher que não tem medo de sorrir a um estranho, de abordar um desconhecido, de dizer que tudo vai correr bem mesmo que não existam certezas disso... Até quando algo de mal lhe acontece, Poppy mantém-se optimista e diz para a amiga que continuará a fazer sorrir o Mundo, tanta falta que nos fazem Poppy´s como esta. Não percam quando estrear em sala, já que é um filme que nos deixa com um imenso sorriso no rosto, tem diálogos espantosos e, sobretudo, faz-nos acreditar que o Mundo não precisa ser tão duro.
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 3
Mais um dia de Indie e as surpresas não param, é certo que já estava avisado de que os filmes de Johnnie To são sempre surpreendentes, estou a comprovar isso mesmo já que este é capaz de realizar filmes completamente díspares...
O inicio do 3º dia deu-se com o filme "The Mission", uma história de um magnata ligado crime de Hong Kong que contrata 6 guarda costas tendo em vista proteger a sua vida, acabando esse facto por gerar uma forte camaradagem e sentido de honra entre esses seis homens. É um filme que se baseia, não tanto na acção (que também a há) mas, sobretudo, nas expectativas que cria e no suspense no fio de navalha. Toda a sequência passada no Centro Comercial é emocionante e quase nada se passa... sabemos que existe uma armadilha, os personagens esperam o que vai chegar e nós com eles, sem que com isso se perca força ou rumo no filme. To tem sempre soluções visuais espantosas mesmo em momentos que parecem "mortos", vide toda a sequência da bola de papel.
Existem criticos de cinema que dizem ser esta a obra-prima de To, em minha opinião não sei se será, dado o desconhecimento dos seus filmes na totalidade, contudo e até ao momento, dou os meus parabéns à direcção do Indie pelos filmes apresentados.
Em seguida fui a uma sessão de Curtas (a unica desta edição a que irei assistir), inserida no conjunto Observatório Curtas 3, sendo este um dos grandes interesses do Indie, a descoberta das histórias em pequenos formatos, coisa que se encontra arredada das nossas salas de cinema e só se vai mantendo vivo pela rubrica "Onda Curta" do Canal 2. Do conjunto apresentado denota-se algum pretensiosismo ("Skymaster" e "Kin"), imitação de Van Saint ("Joy"), uma especie de neo-realismo romeno e polaco ("Alexandra" e "A Few Simple Words") e a grande supresa do pack, a animação canadiana "Sleeping Betty". Esta ultima é uma delirante curta que mistura contos infantis com uma sátira poderosa à Inglaterra, nomeadamente à sua monarquia... simplesmente hilariante, apesar de um final desanimador... a ver apenas pela animação, repete dia 30 às 15 horas (Cinema Londres).


Para final de noite ficou o segundo filme de Johnnie To do dia, a comédia non-sense "Help!!!", trata-se de uma forte sátira ao sistema de saude de Hong Kong e todo o filme está estrututado como um misto de "screwball comedy" com escatologia, mas sempre com muita qualidade. Acompanhamos as urgências de um hospital com todos os interesses obscuros subjacentes (a "higher administration"), médicos acomodados e graxistas que irão sofrer uma forte mudança devido aos 3 médicos da foto.
Os americanos (excepção feita a Joe Dante pelo seu episodio "Homecoming" na serie Masters of Horror) deveriam olhar para este filme e perceber como, com forte ironia, se consegue ter bem mais piada e acertar na mouche, ao contrário de inanidades como "Espartanos do Pior".
Impressiona ver um filme desta qualidade e com tanta piada que foi concluído em apenas 27 dias e, sobretudo, ver como se pode ser imaginativo num tema que coloca sempre algum melindre... a ideia de um mecânico a tratar dos seus pacientes como sendo doentes e tendo uma oficina como se fosse uma Urgência de Hospital é simplesmente surreal... já para não falar no pobre pedinte que procura o amor da mulher que o salvou da morte, para ser sempre recusado e lutar por ela de formas inimagináveis... o final, bem, só poderia ser assim louco, com o par romântico enredado numa dança na noite derivada por um raio caido do céu... só vendo!!! Repete dia 30 às 15:45 (Cinema Londres). Agora estou ainda mais curioso com o filme de To em que um monge budista vira stripper ("Running on Karma")... a coisa promete!!
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 2
O 2º dia do Indie foi composto por 3 filmes bastante diferentes entre si apesar de, dois deles, serem realizados pela mesma pessoa, um dos Herois Independentes desta edição, Johnnie To (uma referência incontornável neste festival e de quem irei assistir a todos os filmes - 12 - a exibir).
O inicio do festival, para mim, ocorreu com o filme "O Filho de Rambow" (poster aqui ao lado), inserido na rubrica Indie Júnior, realizado por Garth Jennings. Trata-se de um "feel good movie", não necessariamente para crianças, que retrata os laços de amizade entre 2 crianças completamente diferentes: o rebelde da escola (Lee Carter) que pretende criar um filme tendo em vista concorrer a um prémio de primeira obra e outro que provém de uma familia ligada a uma religião obscura e repressiva (Will Proudfoot), renascendo para a Vida após assistir ao filme "Rambo - A Fúria do Heroi" (sim, esse mesmo com o Sylvester Stallone).
A partir desse momento é um filme dentro do filme, uma homenagem ao cinema, à amizade, à compreensão entre personalidades e culturas diferentes (hilariante os momentos com o aluno francês no colégio inglês, quando no seu próprio país é ele o marginal como o são os nossos dois protagonistas)... apesar do final puxar à lágrima não deixa de ser igualmente divertido e a unica conclusão possivel para um filme com interpretações superlativas das duas crianças (Bill Milner/Will e Will Poulter/Lee Carter). Atenção a este filme que deverá ter estreia comercial entre nós e levantou bastante interesse em diversos festivais de cinema onde tem sido exibido.
Os restantes filmes da noite, "A Hero Never Dies" e "The Heroic Trio", representam a variedade no que respeita a temas e formas de filmar de Johnnie To...tenho de agradecer ao Indie por me permitir conhecer a cinematografia deste senhor que, desde o inicio do Indie, não tem faltado a uma edição com os seus filmes.
O "A Hero Never Dies" é o tipico filme de mafiosos de Hong Kong, com 2 grupos rivais que trabalham para a mesma pessoa, em disputa pelo mesmo territorio e, em paralelo, a batalha travada entre os seus principais assassinos. Não é à toa que consideram To, o realizador do "action static" já que, quase tudo, acontece em suspensão e não tanto pelas acrobacias como num filme de John Woo. Este filme tem, entre muitos outros momentos, duas cenas memoráveis: um "duelo" com copos de vinho e uma moeda (alucinante e de ver para crer!!) e uma cena final de puro requiem pelo cinema "à la Woo", nomeadamente, a saga "A Better Tomorow". O filme repete dia 03 Maio às 18:30 (Cinema Londres).
O "The Heroic Trio" é uma completa loucura que só poderia ter origem no Oriente, retratando a investigação do rapto de diversos bebés por um "mago", que vive nos esgotos, e procura nessas crianças, um rei para a China (?!). Ao mesmo tempo, vamos acompanhando um trio de mulheres com poderes muito especiais como a invisibilidade, a super força e o desenrascanço, que se unirão para recuperar as crianças. Se vos disser que o filme passa por diversos géneros tão variados como o "wuxia" (como aconteceu com "O Tigre e o Dragão" de Ang Lee), romantico (tem momentos delirantes como uma declaração de amor em computador), canibalismo (as crianças que não se tornam reis ficam com o "mago" e viram canibais assassinos), humor (todo o filme não se leva a sério, mas tem ideias geniais, como os contentores voadores), fantasia (um esgoto mágico, com metano mas muito arranjadinho) e ficção cientifica (toda a sequência final), talvez não acreditem, contudo, está tudo lá.
O final deste filme então é o cúmulo da loucura com o "mago" transformado em esqueleto e cérebro ainda a funcionar que se apodera de uma das mulheres... contado não tem nem metade da piada!!! Se puderem vejam este filme aquando da sua repetição, dia 28 de Abril às 15 horas (Cinema Londres).
Como diz Johnnie To, nos seus filmes devemos "esperar o inesperado" porque ele tenta sempre "esticar ao maximo os limites da criatividade e não repetir o que já foi feito".
Carpe Diem.

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Indie Lisboa 2008 - Dia 1
O 5º Indie Lisboa arrancou oficialmente e, ao contrário das 4 edições anteriores, desta vez não iniciei a maratona de filmes com a Sessão de Abertura (este ano com o filme "My Blueberry Nights" do realizador Wong Kar Wai), mas com um documentário musical, inserido na rubrica Indie Music, dedicado aos Gorillaz, chamado "Bananaz" e realizado por Ceri Levy.
Não me interpretem mal, sou um grande fã do cinema de Wong Kar Wai, contudo e tendo em conta a oferta existente em outras salas para o dia de hoje, preferi assistir a algo que raramente estreará comercialmente em detrimento de um filme que poderei ver "de graça" quando estrear nos cinemas Medeia (01 de Maio) graças ao Cartão Medeia :)
Confesso que já tinha saudades do ambiente do Indie, encontrar pessoas de outras edições, verificar que se trata de um evento cada vez mais transversal e onde se encontram diversas sensibilidades e tipos de audiência, num cocktail diferente, engraçado e, sobretudo, que resulta.
O filme/documentário de hoje acompanha os Gorillaz (a banda de 2D, Russel, Murdoc e Noodles) desde a sua criação (em 2000), fruto da mente de Damon Albarn (musica) e Jamie Hewlett (desenhos) e com o apoio dos produtores Dan the Automator (primeiro album) e Danger Mouse (segundo album). Trata-se de um resumo de carreira (um requiem?) recheado de humor, evidenciando a evolução da banda desde um inicio timido e alternativo (Albarn chega a referir a banda como experimental) até à consagração num concerto, em Nova York, recheado de convidados de peso e musicos "à mostra" (os concertos deles, normalmente, aconteciam por detrás de um painel onde apareciam os "bonecos" em detrimento da banda).
O documentário confirma a importância fulcral de Albarn, motor de todo o projecto e criador de sons e ideias, já que é este que convida cantores e bandas para tocarem nos albuns (Ike Turner, Ibrahim Ferrer, Dennis Hopper, De La Soul...) e tem o seu momento mais divertido e caricato quando, antes de iniciar o concerto, procura convencer a responsável de um coro de crianças afro-americanas (esta faz questão de frisar este termo politicamente correcto), pelo facto da letra a cantar não ser totalmente explicita (o humor inglês e a ironia nunca serão entendidos pelos americanos!!) podendo, eventualmente, ser perturbadora (?!) para as mesmas.
Um documentário a ver e que repete no dia 02/05 às 22 horas no Fórum Lisboa... quanto a mim despeço-me até amanhã com mais 3 filmes em perspectiva, 2 Johnnie To e um filme que tem feito bastante sucesso em festivais de cinema com o sugestivo título de "O Filho de Rambow".
Carpe Diem.

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Fim de Semana Cinefilo
Este foi, de facto, um fim de semana com bastante cinema já em estágio para a maratona que vai ser o Indie Lisboa (faltam apenas 2 dias)... tive o prazer de assistir a 2 fitas bastante diferentes entre si mas ambas com grande qualidade e intérpretes de excepção.

Primeiro o filme "O Amor e a Vida Real" (poster aqui ao lado) que parte de uma história banal, baseada num homem com quarentas, viúvo com 3 filhas e que ainda não se recompôs, trabalha num consultório sentimental de um jornal dando conselhos que não segue até que, numa reunião familiar, reencontra o amor na figura da mais recente namorada do irmão mais novo. Tudo isto podia ser simples, alimentício, banal, não fosse ter intérpretes como Steve Carell e Juliette Binoche que transfiguram o filme.
Sente-se, ao longo de todo o filme, a coesão do elenco e se existem bastantes lugares comuns e personagens estereotipadas, acaba por nem se sentir tal é a forma como ficamos "apaixonados" pelos personagens. Aconselho vivamente a quem quer esquecer um pouco as amarguras da Vida (ao contrario do que acontece a quem veja o "Corações" do Resnais, mais um grande mas triste filme) e ainda acredita no Amor, assim mesmo com letra grande, mesmo que a idade para ser ingénuo tenha passado há muito.


O segundo filme do fim de semana foi mais duro, refiro-me ao policial americano "Nós Controlamos a Noite" de James Gray com actores do calibre de Joaquin Phoenix, Mark Wahlberg e Robert Duvall.
Trata-se de um policial muito seco, duro, sem sentido de humor mas com grande emoção e sentimento. Retrata a história de 2 irmãos, em plenos anos 80, que vivem em lados separados da lei, um é policia (Wahlberg) e outro gere uma discoteca detida por mafiosos russos (Phoenix) sendo o pai de ambos (Duvall) igualmente policia.
É um filme centrado nas personagens, na ideia de familia, de contradições e o que leva um homem a quebrar e a mudar de ideias... os actores conseguem suportar brilhantemente a emoção e o conflito das suas personagens com momentos sublimes como a perseguição à chuva (criada digitalmente) ou a outra a pé de caçadeira em punho pelo canavial.
Antes de ser um filme sobre a Policia, é um filme sobre um filho que regressa às origens quando sente que a sua verdadeira familia está em perigo e não renega o passado quando, com isso, consegue vingar o mal cometido.
Poderão alguns dizer que o primeiro filme é de "gajas" e o segundo de "gajos" mas são, certamente, ambos filmes poderosos (um mais simples que outro) e bom divertimento. Aguardo agora 3 filmes cujas apresentações me fizeram salivar: "My Blueberry Nights" (Wong Kar Wai), "Boarding Gate" (Olivier Assayas) e "Irina Palm" (Sam Garbarski) dos quais vos falarei depois de os ver.
Carpe Diem.

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Seasons of Love
Aqui fica a letra da musica do video do post anterior, se puderem vejam o filme porque esta é apenas uma amostra do que ele tem para oferecer:
Seasons Of Love
Rent
Composição: Jonathan Larson

Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twenty-five thousand
Moments so dear
Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure
Measure a year?
In daylights - in sunsets
In midnights - in cups of coffee
In inches - in miles
In laughter - in strife
In - five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure
A year in the life?
How about love?
How about love?
How about love?
measure in love
Seasons of love
Seasons of love
Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
Five hundred twenty-five thousand
Journeys to plan
Five hundred twenty-five thousand
Six hundred minutes
How do you measure the life
Of a woman or a man?
In truths that she learned
Or in times that he cried
In bridges he burned
Or the way that she died
It's time now - to sing out
Tho' the story never ends
Let's celebrate
Remember a year
In the life of friends
Remember the love
Remember the love
Remember the love
Measure in love
Measure
Measure your life in love
Seasons of love
Seasons of love
Carpe Diem.

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Tempo de Amor

Um dos inicios de filme mais belos que conheço... um filme baseado no espectáculo da Broadway (autoria de Jonathan Larson), realizado por Chris Columbus.

É tempo de... Amor?

Carpe Diem.

 
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Indie Lisboa Versão 2008

Parece impossivel mas, a verdade, é que já passou um ano e ai está o Indie Lisboa, versão 2008. Este ano o Indie abandonou os cinemas King (mal feito quanto a mim que tenho o Medeia Card) e fixa-se no eixo Forum Lisboa/Londres/Teatro Maria Matos (a novidade) e Cinemas São Jorge.
O Festival de Cinema Independente de Lisboa decorre de 24 Abril a 04 de Maio e já se encontram à venda os vouchers (20, com desconto, na FNAC e Forum Lisboa) e os bilhetes individuais para todas as sessões (Forum Lisboa). Como verdadeiro fã que sou já tenho o voucher e ando agora a escolher os 20 filmes que irei assistir (se não acabarem por ser mais...).
Este ano, além da descoberta do novo cinema romeno, encontramos no programa filmes de Johnnie To e ante-estreias como "My Blueberry Nights" (Wong Kar Wai), "Go-Go Tales" (Abel Ferrara), "Happy-Go-Lucky" (Mike Leigh) e "It´s a Free World" (Ken Loach). Também podemos ver documentários musicais (secção Indie Music) como "Bananaz" (sobre os Gorillaz) e "Berlin" (o concerto baseado no album homónimo de Lou Reed).
Existem muitas razões para arriscar no desconhecido e, quem sabe, descobrir obras-primas... não esqueço que foi graças ao Indie que descobri os filmes fantásticos de Johnnie To (este ano um Heroi Independente), o "Eu, Tu e Todos aqueles que Conhecemos" da Miranda July, o "Tarnation" do Jonathan Caouette, o "The Fog of War" do Errol Morris, o "I´ll See U in My Dreams" (primeiro filme de zombies português), a diferença no "Drawning Restraint 9" filme de Matthew Barney com musica de Bjork, a pornografia com uma forma muito peculiar em "Destricted" e uma grande surpresa chamada "Shortbus" de John Cameron Mitchell.
Acredito que este ano me volte a surpreender... já há um filme que me deixa "em pulgas" para ver, chama-se "Mister Lonely", realizado por Harmony Korine.
Deixo-vos aqui a sinopse (em Inglês) que promete:
"In Paris, a young American who works as a Michael Jackson lookalike meets Marilyn Monroe, who invites him to her commune in Scotland, where she lives with Charlie Chaplin and her daughter, Shirley Temple"
Visitem o site www.indielisboa.com para saberem mais.
Carpe Diem.

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