As melhores empadas de Londres
A revista Time Out está a revelar-se melhor que a encomenda quanto a mim, na edição de há 2 semanas lá concorri eu para ganhar bilhetes para a peça "Sweeney Todd" e não é que ganhei? Depois do concerto de Joe Lovano lá rumei eu ao Teatro Aberto (junto à Praça de Espanha) para ver a peça do "terrível barbeiro de Fleet Street".
Trata-se de um musical de Stephen Sondheim, baseado numa versão de um melodrama inglês do séc. XIX, onde a realidade e a ficção se misturam como nas lendas. Retrata a história de um barbeiro que, depois de anos passados nas galés de um navio por condenação injusta, regressa a Londres para tentar reencontrar mulher e filha e se vingar da sociedade corrupta que lhe destruiu a vida.
As peças musicais de Sondheim são sempre um irónico contraponto a um Lloyd Weber quer seja na estrutura das mesmas ou no conteúdo. A ideia na origem da peça consistiu em juntar o musical da Broadway com momentos de ópera, criando assim momentos intensos para uma história devastadora de amor, ódio e vingança. Para terem uma ideia da ideia refinada de ironia, basta referir que Sweeney Todd (Mário Redondo) quando regressa a Londres inicia o seu impeto vingativo assasinando pessoas na sua cadeira de barbeiro (após retomar a profissão) e encontrando um contraponto na Sra. Lovett (Ana Ester Neves), que irá aproveitar a carne dos mortos para deliciosas empadas que farão sucesso por toda a Londres.
A versão portuguesa ficou a cargo João Lourenço, Vera San Payo de Lemos e José Fanha e, na minha singela opinião, está muito bem conseguida. Todo o ambiente e cenários são bastante funcionais e tiram o máximo partido da sala Azul do Teatro Aberto, as canções são emocionantes ao ponto de termos vontade de nos juntar aos artistas (principalmente a que inicia e finaliza o espectáculo) e os actores (cantores ou não) estão bem distribuidos pelos diversos papeis.
A versão americana estreou em 1979 no Uris Theatre de Nova York, tendo sido distinguida nesse ano com os prémios de Melhor Musical, Melhor Libreto, Melhor Partitura, Melhor Actor e Actriz Musical, Melhor Encenação, Melhor Cenografia e Melhores Figurinos.
Tenho de salientar a prestação de Mário Redondo num Sweeney Todd imenso (em altura e talento), com uma voz forte e colocada, num misto de terror e abandono e de Ana Ester Neves numa Sra. Lovett muito mas muito perversa. Recomendo vivamente este musical, mesmo que o tema seja forte, não deixando de ser delicioso poder assistir a algo tão oposto aos dramas delicodoces de Andrew Lloyd Weber (deixemos esses para um Lá Féria).
Para quem prefere o cinema, se bem que a peça esteja estruturada de forma bastante cinematográfica, irá ser lançado em Dezembro (com Burton os filmes de Natal nunca são simpes) um filme realizado por Tim Burton, tendo nos principais papeis Johnny Depp (Sweenety Todd) e Helena Bonham-Carter (Ms. Lovett)... isto promete porque não há melhor realizador que o Tim Burton para colocar na tela um drama gótico como este, espreitem aqui o trailer e fiquem a salivar até à estreia:
http://www.youtube.com/watch?v=ui1WAZgwkxY
Carpe Diem.

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