Com imensa expectativa e vontade de entender o desprezo da Academia pelo mais recente filme de Clint Eastwood,
Gran Torino, desloquei-me aos "meus cinemas", no passado Domingo, para o ver. Em conclusão, confirmo que as elevadas expectativas são igualadas ou mesmo superadas, contudo continuo sem perceber como é que este IMENSO filme não ganhou, no mínimo, os Óscares de Melhor Filme e Realizador!! Aliás, ofereço do meu próprio bolso um bilhete de cinema ao Sr. Danny Boyle para assistir a este filme, porque podia ser que entendesse como se transmite emoção e sentimentos (sem pieguice ou efeitos de câmera) em 116 minutos, contrapondo um mix de actores e amadores (tal como no dito Bilionário...).
O filme retrata a história de Walt Kowalski (Clint Eastwood), um homem que combateu pelos EUA na Guerra da Coreia, apologista do "buy american", conservador e profundamente racista nos diálogos e no pensamento. A morte da sua esposa deixa-o sozinho com a sua cadela e seu Ford Gran Torino de 1973 do qual cuida como se de uma peça rara de museu se tratasse (aprecia, cuida mas não o usa). Walt sente-se separado da sua familia, que o menospreza e apenas se interessa pelos seus bens, vivendo num bairro rodeado de imigrantes (italianos, negros, hmong´s, chineses...) e decadente. Quando o seu jovem vizinho de etnia hmong tenta roubar-lhe o Gran Torino, como iniciação de entrada num gang, toda a sua vida sofrerá uma imensa reviravolta.
Walt apresenta uma maior intensidade ao ser interpretado por Clint Eastwood, pelo facto de ser um condensado de diversos personagens que este actor/realizador interpretou ao longo da sua carreira, desde Dirty Harry a Bill Munny (Imperdoável). Torna-se delicioso ver este homem resmungar (e se ele resmunga em todo o filme!!) e sofrer uma transformação gradual, demonstrando que a dureza de atitudes não representa uma dureza de coração. Trata-se antes da perda de um homem e o aproximar a um outro "diferente", mas que vai substituindo a sua familia.
No fim, ficamos sem saber se foi Walt (ou Wally) que ajudou os seus vizinhos hmong ou se foram estes que o salvaram... a tensão da sequência final é irrespirável e nunca um "Holly Mary" foi tão doloroso. Em minha opinião, a decisão de Walt serviu, sobretudo, para que este se sentisse vivo e necessário a alguém de novo.
Mais uma "pequena" obra-prima de um realizador que não sabe filmar mal e consegue depurar ao máximo o argumento sem transparecer no ecran o desnecessário... é aquilo a que se chama "clássico". Um filme a não perder e que deixa emoções tão fortes no seu final como as que "Million Dollar Baby" deixou.
Carpe Diem.
Etiquetas: Cinema
Eu era gaja para jurar que Gran Torino é um filme de 2008. Assim sendo, a ser nomeado e a ganhar um Óscar, só em 2009!...
Essa tua aversão a Slumdog Millionaire tolda-te a visão... Abre a tua mente! :D