Tristezas Nacionais
Tenho de confessar neste blog uma coisa... ando farto da associação triste que se faz entre o filme "Gone Baby Gone" e o caso Maddie McCann, apenas porque retrata a história de uma criança desaparecida que é, por coincidência, minimamente parecida com esta (no filme, claro).
O ridiculo chega ao ponto do filme nem ter estreado em Inglaterra e estar a ser adiado, "ad eternum", em Portugal...hoje, a capa do Correio da Manhã anunciava mais uma triste noticia, pelo facto da actriz que entra neste filme, no papel de mãe (Amy Ryan) da criança desaparecida, estar nomeada ao Óscar de Melhor Actriz Secundária, com a seguinte paragonga:
"... Actriz que imita papel de Kate McCann nomeada para Óscar..."
Isto apenas demonstra um triste provincianismo, sensacionalismo barato (o CM ainda não descia tão baixo como o 24 Horas, mas...) e, sobretudo, uma falta de conhecimento do que se escreve.
Vamos aos factos:
- O livro em que se baseia o filme, da autoria de Dennis Lehane, é de 1998!! Recomendo vivamente a sua leitura numa edição da Gótica;
- A actriz Amy Ryan não poderia ter imitado Kate McCann apenas pelo simples facto do filme ter sido rodado antes do desaparecimento de Maddie;
- Tudo se passa em Boston, no bas-fond do operariado e das classes baixas americanas, muito diferente da classe média/alta a que pertence o casal McCann;
- Sem estragar o surpreendente final do livro, verifica-se que não se trata tanto de um rapto, mas sim de algo que nos deixa a pensar e com um verdadeiro "murro no estômago"... para mim é o que faz a melhor literatura;
- O livro não foca apenas a investigação ao desaparecimento da pequena Amanda McCready mas, igualmente, outros casos;
- O filme, por coincidência, foi realizado durante o ano 2007 por Ben Affleck e, segundo as críticas americanas, trata-se de um excelente thriller com boas interpretações. Chega-se ao ponto de se considerar que Ben Affleck faria melhor em continuar a realizar filmes em vez de actuar.
Esta história dos McCann cheira demasiado mal (basta fazer uma comparação com o caso idêntico da menina Mariluz) e está a ser empolada de tal forma que só merece repúdio... nem vou comentar a tristeza de retrato robot dos jornais de ontem com um, suposto, individuo "terrivel e de gelar o sangue" (seria vampiro? é que no desenho tinha os dentes um pouco saidos...) que abordou a "nanny" do casal McCann no Algarve.
Gostava muito que a Maddie e a Mariluz aparecessem com saúde e de volta às suas familias, mas há formas e formas de lidar com a situação. Aproveito o tema para dar os meus parabéns à mãe do Rui Pedro que nunca baixou os braços e é uma Mulher de força.
Carpe Diem.

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