
O inicio do 3º dia deu-se com o filme "The Mission", uma história de um magnata ligado crime de Hong Kong que contrata 6 guarda costas tendo em vista proteger a sua vida, acabando esse facto por gerar uma forte camaradagem e sentido de honra entre esses seis homens. É um filme que se baseia, não tanto na acção (que também a há) mas, sobretudo, nas expectativas que cria e no suspense no fio de navalha. Toda a sequência passada no Centro Comercial é emocionante e quase nada se passa... sabemos que existe uma armadilha, os personagens esperam o que vai chegar e nós com eles, sem que com isso se perca força ou rumo no filme. To tem sempre soluções visuais espantosas mesmo em momentos que parecem "mortos", vide toda a sequência da bola de papel.
Existem criticos de cinema que dizem ser esta a obra-prima de To, em minha opinião não sei se será, dado o desconhecimento dos seus filmes na totalidade, contudo e até ao momento, dou os meus parabéns à direcção do Indie pelos filmes apresentados.
Em seguida fui a uma sessão de Curtas (a unica desta edição a que irei assistir), inserida no conjunto Observatório Curtas 3, sendo este um dos grandes interesses do Indie, a descoberta das histórias em pequenos formatos, coisa que se encontra arredada das nossas salas de cinema e só se vai mantendo vivo pela rubrica "Onda Curta" do Canal 2. Do conjunto apresentado denota-se algum pretensiosismo ("Skymaster" e "Kin"), imitação de Van Saint ("Joy"), uma especie de neo-realismo romeno e polaco ("Alexandra" e "A Few Simple Words") e a grande supresa do pack, a animação canadiana "Sleeping Betty". Esta ultima é uma delirante curta que mistura contos infantis com uma sátira poderosa à Inglaterra, nomeadamente à sua monarquia... simplesmente hilariante, apesar de um final desanimador... a ver apenas pela animação, repete dia 30 às 15 horas (Cinema Londres).

Os americanos (excepção feita a Joe Dante pelo seu episodio "Homecoming" na serie Masters of Horror) deveriam olhar para este filme e perceber como, com forte ironia, se consegue ter bem mais piada e acertar na mouche, ao contrário de inanidades como "Espartanos do Pior".
Impressiona ver um filme desta qualidade e com tanta piada que foi concluído em apenas 27 dias e, sobretudo, ver como se pode ser imaginativo num tema que coloca sempre algum melindre... a ideia de um mecânico a tratar dos seus pacientes como sendo doentes e tendo uma oficina como se fosse uma Urgência de Hospital é simplesmente surreal... já para não falar no pobre pedinte que procura o amor da mulher que o salvou da morte, para ser sempre recusado e lutar por ela de formas inimagináveis... o final, bem, só poderia ser assim louco, com o par romântico enredado numa dança na noite derivada por um raio caido do céu... só vendo!!! Repete dia 30 às 15:45 (Cinema Londres). Agora estou ainda mais curioso com o filme de To em que um monge budista vira stripper ("Running on Karma")... a coisa promete!!
Carpe Diem.
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