Se Isto é um Homem...
Esta Sexta tive o prazer de assistir à mais recente peça de teatro dessa grande actriz do futuro (e do presente) português que é Beatriz Batarda (na foto). Trata-se da adaptação da peça do dramaturgo e encenador alemão Manfred Karge, escrita em 1982, com o nome "De Homem para Homem".

A história é inspirada num caso real, que atravessa 50 anos da História da Alemanha, através dos olhos de uma mulher (Ella Gerricke), de origem humilde que não consegue arranjar emprego e casa com um homem mais velho para poder ter um tecto e o que comer. O que Ella não sabe é que o marido está a morrer de cancro e, por isso, terá de sobreviver sozinha, perdendo a sua identidade e a sua própria dignidade aos poucos.

A peça tem o formato de monólogo poderoso, em formato de conto, sobre uma mulher que procura sobreviver, no entanto, as escolhas que faz ao longo da Vida tornam-na um fracasso (como pessoa, como ser humano e como Mulher). Em 90 minutos, assistimos a uma actriz transfigurar-se em 26 quadros/histórias que fazem pensar, sorrir, reflectir, arrepiar... são histórias da força de uma mulher que, para sobreviver num Mundo dominado pelo homem, tem de se refugiar na aparência e, porque não, no teatro da vida. São histórias, sentimentos, canções...tudo serve para mostrar o que Ella pensa e sente num palco minimal, com uma espécie de mão que o percorre e "esconde" as suas diferentes personalidades.

Apenas tenho uma palavra para denominar a actuação de Beatriz Batarda: sublime!! Para quem tem acompanhado a sua carreira em teatro ou cinema sabe do que ela é capaz, contudo, impressiona a facilidade com que ela encarna as diferentes facetas (e tempos) de Ella enredando-nos num ritmo hipnótico e maravilhoso. Como dizia o critico do suplemento Y do Público esta semana, um dia posso dizer com orgulho que estive nesta peça e voltei a confirmar (se preciso fosse) uma actriz que ainda vai mostrar muito ao País.

Deixo-vos um pequeno excerto de um texto escrito pelo encenador da peça (Carlos Aladro) e pela própria actriz:

"Alguém disse que o teatro é arte política. É verdade que o é, no sentido mais clássico do termo. O teatro é espaço de encontro onde os cidadãos são confrontados com os seus medos e os seus sonhos. É um espelho que nos põe em questão, que nos proporciona um momento mágico e lúdico onde podemos reflectir sobre a nossa condição humana através da imaginação. O teatro tenta ajudar-nos a pensar com o coração nas mãos e a vencer as nossas ansiedades para que possamos recuperar a confiança na nossa capacidade de construir o sonho".

A peça está no Teatro da Cornucópia (Bairro Alto) até ao dia 05 de Outubro, de Terça a Sábado às 21:30 e Domingos às 16:30.

Carpe Diem.

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