Indie Lisboa 2008 - Dia 6
Quando o Indie deste ano se encontra sensivelmente a meio (ainda me faltam 9 filmes até final), tive o prazer de descobrir mais 2 filmes do grande realizador de Hong Kong, Johnnie To. Desta feita foram os seus dois mais recentes filmes: "Mad Detective" (2007) e "Sparrow" (2008 e filme sensação do Festival de Berlim deste ano).


Antes de falar um pouco dos filmes ainda preciso salientar o imenso prazer que foi assistir ao filme "Sparrow" com uma introdução do próprio To depois de uma grande ovação de um S. Jorge quase esgotado... já para não falar no facto de ter conseguido um autógrafo deste realizador no meu bilhete de cinema que irei guardar religiosamente, em 2 anos consegui ver 2 mestres frente a frente, David Lynch e Johnnie To... uma riqueza!!


O primeiro filme da noite, "Mad Detective", é um misto de filme policial e misticismo. O mais curioso em Johnnie To é o facto dele se apropriar dos diferentes géneros cinematográficos e transformá-los em algo unico e seu. Neste caso, tudo se passa durante a investigação do desaparecimento de um policia por um ex-policia que tem a particularidade de conseguir ver as diferentes personalidades interiores de cada individuo.

Trata-se, claramente, de um filme mais apelativo ao publico oriental, contudo, não deixa de ser composto por sequências magistrais como todo o final com o jogo de espelhos versus personalidades como se se tratasse do eu contra as varias interpretações que este pode ter... ao ponto de não se distinguir o real do imaginado. Um filme diferente e, se não se trata de um To vintage, mesmo assim tem muitas qualidades.

Já o segundo filme, "Sparrow" (tradução portuguesa poderia ser pardal, um pequeno passaro que é um misto deste com tucano em tamanho pequeno) é uma pequena sinfonia de câmara. Um filme musical sem cantigas, o swing da vida, o respirar do momento, um filme inspirado e ao mesmo tempo divertido.
Retrata a história de 4 pequenos meliantes, carteiristas, e bon-vivants, que se cruzam com uma mulher fatal (ela é que lhes aparece à frente) que lhes pede auxilio. Os quatro unir-se-ão para a ajudar numa sequência espantosa em estilo, forma e conteudo, consistindo numa "batalha" de carteiristas à chuva sob chapéus de chuva num bailado sem musica e numa dança sem movimento fixo.
O filme está repleto de pequenos momentos como as fotos tiradas pelo protagonista (em preto e branco para não as descaracterizar), um encontro num elevado com um balão a separar dois corpos, um beijo trocado por meio de um cigarro, o desejo de 2 olhos, uma sequência hilariante num elevador lotado e a referida sequência da batalha à chuva.
Apenas lamento que um filme desta qualidade não tenha distribuição em Portugal depois de ter feito sensação em Berlim... é um misto de drama, acção, romance e "noir". Já não repete no Indie, mas façamos figas para que ainda venha a ser exibido comercialmente ou editado em DVD.
Carpe Diem.



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