
Tratou-se do unico filme da Competição Internacional a que assisti este ano, "Momma´s Man", realizado por Azazel Jacobs (EUA). Trata-se da história de um homem, Mikey (Matt Boren), nos seus 30´s, em visita a casa dos pais. É um filme forte, acerca do limiar entre o final da juventude e o inicio da idade adulta, ou melhor, entre o tempo de solteiro descomprometido e o de marido e pai.
Mikey começa por passar uns dias com os pais numa casa espantosa, recheada de espaços como se de uma gruta de Ali Babá se tratasse, onde recorda a sua juventude, revê antigos amigos ou amores, socorre-se do afecto dos pais (ainda que a uma mãe super protectora temos um pai estranho e muito silencioso), no fundo, escondendo-se da sua Vida... arranja diversas desculpas para deixar de viver e regressar ao tempo em que não existiam responsabilidades, o Mundo seria bem mais simples baseado em musicas pueris, comics e muita preguiça.
A particularidade deste filme é tornar uma situação caricata num momento de humor bastante negro, porque nos podemos rever em Mikey mas também porque ele se sente ridiculo e não sabe o que deseja. O realizador Jacobs utilizou a sua casa/loft de infância bem como os seus pais para interpretarem a familia de Mikey, trata-se de um exercicio meta-pessoal puro que se estranha pela raiz autobiográfica forte. Um filme interessante e que merece ser visto, como não vi a restante competição não posso afirmar se será uma hipótese para prémio no dia 03 Maio.

Este filme sueco, em minha opinião, representa uma lufada de ar fresco no género, contando a história de Oskar, um rapaz frágil e ansioso de 12 anos que é constantemente atacado pelo "bully" da escola e uma rapariga misteriosa da mesma idade e chamada Eli que vem morar com o pai para o apartamento ao lado do dele.
O filme baseia-se na amizade/primeiro amor que se vai criar entre as duas crianças, com a particularidade de Eli ser, no fundo, uma vampira. Não se trata de um filme puro e duro de terror, é sobretudo um filme baseado em personagens, em relacionamentos e não tanto no sangue ou em cenários macabros... por falar em cenários, o filme aproveita de forma espantosa todo o ambiente em redor das personagens com paisagens geladas e neve sempre a cair contrabalançando o sangue com o branco.
A história de Oskar e Eli é apresentada de uma forma muito sensível, como em toda a sequência da comunicação via parede, e nunca pensamos em Eli como sendo uma vampira mas sim como uma pessoa que apenas quer viver a Vida sem saber como e que acabará por ajudar Oskar a ganhar confiança em si mesmo e a mudar o estilo de vida. Uma bela surpresa do Indie e que lamento não venha a ter estreia comercial em Portugal.
Carpe Diem.
Etiquetas: Crónicas do Indie