Indie Lisboa 2008 - Dia 8
O primeiro filme do dia começou com um pequeno precalço, não habitual no Indie (pelo menos não com tanto tempo), um atraso em cerca de 30 minutos no seu inicio o que inviabilizou assistir ao inicio do segundo filme do dia, contudo, são situações que surgem a quem tem horários apertados e quer aproveitar o Festival ao máximo.
Tratou-se do unico filme da Competição Internacional a que assisti este ano, "Momma´s Man", realizado por Azazel Jacobs (EUA). Trata-se da história de um homem, Mikey (Matt Boren), nos seus 30´s, em visita a casa dos pais. É um filme forte, acerca do limiar entre o final da juventude e o inicio da idade adulta, ou melhor, entre o tempo de solteiro descomprometido e o de marido e pai.
Mikey começa por passar uns dias com os pais numa casa espantosa, recheada de espaços como se de uma gruta de Ali Babá se tratasse, onde recorda a sua juventude, revê antigos amigos ou amores, socorre-se do afecto dos pais (ainda que a uma mãe super protectora temos um pai estranho e muito silencioso), no fundo, escondendo-se da sua Vida... arranja diversas desculpas para deixar de viver e regressar ao tempo em que não existiam responsabilidades, o Mundo seria bem mais simples baseado em musicas pueris, comics e muita preguiça.
A particularidade deste filme é tornar uma situação caricata num momento de humor bastante negro, porque nos podemos rever em Mikey mas também porque ele se sente ridiculo e não sabe o que deseja. O realizador Jacobs utilizou a sua casa/loft de infância bem como os seus pais para interpretarem a familia de Mikey, trata-se de um exercicio meta-pessoal puro que se estranha pela raiz autobiográfica forte. Um filme interessante e que merece ser visto, como não vi a restante competição não posso afirmar se será uma hipótese para prémio no dia 03 Maio.
O segundo filme do dia foi o "Let the Right One In", inserido na rubrica Laboratório, realizado pelo sueco Tomas Alfredson, uma inovadora história de vampiros passada na juventude. É certo que o cinema de terror já não consegue inovar, ultimamente, tem recorrido ao sistema de câmera na mão (Cloverfield, Terra dos Mortos ou REC) em detrimento de uma boa história de personagens.
Este filme sueco, em minha opinião, representa uma lufada de ar fresco no género, contando a história de Oskar, um rapaz frágil e ansioso de 12 anos que é constantemente atacado pelo "bully" da escola e uma rapariga misteriosa da mesma idade e chamada Eli que vem morar com o pai para o apartamento ao lado do dele.
O filme baseia-se na amizade/primeiro amor que se vai criar entre as duas crianças, com a particularidade de Eli ser, no fundo, uma vampira. Não se trata de um filme puro e duro de terror, é sobretudo um filme baseado em personagens, em relacionamentos e não tanto no sangue ou em cenários macabros... por falar em cenários, o filme aproveita de forma espantosa todo o ambiente em redor das personagens com paisagens geladas e neve sempre a cair contrabalançando o sangue com o branco.
A história de Oskar e Eli é apresentada de uma forma muito sensível, como em toda a sequência da comunicação via parede, e nunca pensamos em Eli como sendo uma vampira mas sim como uma pessoa que apenas quer viver a Vida sem saber como e que acabará por ajudar Oskar a ganhar confiança em si mesmo e a mudar o estilo de vida. Uma bela surpresa do Indie e que lamento não venha a ter estreia comercial em Portugal.
Carpe Diem.


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