Tenho de agradecer, antes de mais, ao ciclo de cinema de retrospectiva 2008 dos cinemas Medeia, a decorrer no cinema Nimas, por poder apreciar o filme "Michael Clayton" que me tinha escapado na devida altura do seu lançamento comercial.
E que filme fabuloso ele é!! Tem grandes actores dentro como George Clooney (o filme é quase todo dele), Tom Wilkinson, Tilda Swinton (vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária por este filme) e Sydney Pollack (num dos últimos papeis da sua carreira), um argumento limado na perfeição e uma realização segura e seca de Tony Gilroy (argumentista dos filmes Bourne).
O filme retrata o poder das grandes corporações, neste caso uma grande firma de advogados, e a forma que estas têm de ajustar a realidade aos seus interesses. Esse é o papel do personagem principal, Michael Clayton (Clooney), um homem com o curso de advogado mas que se limita a fazer com que as coisas corram certo para a firma... um "homem de limpeza" amargurado por não poder ser aquilo que sonhou.
A trama do filme gira em torno de um dos sócios da empresa, Arthur (Tom Wilkinson), que fica louco durante um caso que envolve um produto cancerígeno e o modo como as diferentes partes interessadas irão reagir para dar a volta à situação, com particular destaque para a personagem de Karen (Tilda Swinton), assombrosa na sua meticulosidade e contradição.
Contudo, grande parte do filme pertence mesmo a Clooney com o seu "homem de limpeza" torturado e ambivalente que, apesar de conseguir dar a volta por cima, ainda sente não ter o futuro à sua mercê como o demonstra o momento final no táxi à deriva (tal como a personagem?).
Tenho de destacar um momento de extraordinária beleza num filme seco, quando Michael Clayton pára o carro numa estrada para poder apreciar de perto 3 cavalos numa encosta... é um momento de calma, reflexão, encantamento e submissão de um homem à beleza da Natureza.
O filme já está em DVD e aconselho vivamente a verem-no, principalmente se sempre foram fãs dos filmes de Sydney Lumet ou, pura e simplesmente, de conspirações.
Carpe Diem.
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