Indie Lisboa 2008 - Dia 11 (O último)
Tudo o que é bom acaba depressa, após 22 sessões (12 de filmes de Johnnie To + 10 filmes diversos) e muita diversão e descoberta, acaba mais uma edição do Indie Lisboa... ao contrário dos anos anteriores, o último dia não foi apenas dedicado aos vencedores e, por isso, aproveitei para assistir a mais 3 filmes de Johnnie To e assim encerrar a mini retrospectiva deste realizador.



O inicio do dia deu-se com o filme "Throw Down" (2004), que presta um tributo a um realizador que influenciou Johnnie To, o imenso Akira Kurosawa. Retrata a história de 3 jovens solitários, um campeão de judo em declínio e em vias de ficar cego, um entusiasta de judo que toca saxofone e se diverte a marcar combates com todos aqueles que têm importância neste desporto e uma cantora pretendente a estrela (seja lá onde isso for) que se encontram num bar manhoso de Hong-Kong e se incitam mutuamente a perseguir os seus sonhos.
Trata-se de um filme com imensa paixão pelos personagens, que acredita na força de sonhar e de perseguir os sonhos mesmo que não se consigam atingir logo à primeira vez... a sequência final num milheral é sublime e confirma, mais uma vez, To como um cineasta dos sentidos e da beleza musical mesmo que sem musica.



O segundo filme chamou-se "Loving You" (1995) e trata-se do primeiro filme pessoal de Johnnie To sobre um policia bom profissional, mas negligente enquanto marido que é baleado na cabeça... sobrevive mas perde os sentidos do paladar e do cheiro.
Todo o filme se baseia em dois vectores, por um lado as tentativas de reconcialiação com a mulher (grávida de outro homem mas que não o abandona quando ele fica mal) e por outro a procura obsessiva do atirador para acabar com a vida do policia. No fundo, é um policial diferente já que a relevância não está tão centrada na vingança do atirador mas sim na tentativa do policia em recuperar o amor da mulher, mesmo que para isso tenha de perfilhar um filho de outro e é esta nuance que torna o filme ainda mais intenso.
Só quero salientar uma sequência em que o policia e a mulher (raptada pelo atirador e numa cadeira de rodas) fogem "a correr" por um corredor enquanto um andar inteiro do edificio em que se situam explode... simplesmente estupendo e, quiçá, hilariante.

Para terminar o Indie em beleza nada melhor que o filme "Running on Karma", que retrata a história de um antigo monge que se torna stripper (o grande actor Andy Lau) e consegue ver o Karma das pessoas. Como já devem imaginar por esta pequena descrição, trata-se de um filme desbragado com muita comédia e misticismo à mistura, onde a suspensão da realidade tem de ser total para que este resulte.
Entretanto o stripper monge envolve-se com uma policia, tentando ajudá-la a ultrapassar o seu karma já que, por ter sido um soldado mortifero noutra vida, deve sofrer em todas as vidas futuras. O filme começa como uma fantasia de acção (um contorcionista assassino a sair de uma minuscula caixa de cartão), passa para comédia, envereda pelo thriller romântico e termina num tratado filosófico budista... tudo isto com uma imensa fluência e "savoir faire" de To.
Mais um grande filme e um enorme festival, aos seus criadores volto a agradecer encarecidamente por mais um ano de excelentes descobertas, algumas desilusões (Cap Nord) e a oportunidade de poder delirar, sorrir, chorar e ficar apaixonado pelo cinema de Johnnie To.
Carpe Diem.

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1 Comments:


  • At 2:01 da tarde, Anonymous Anónimo

    Realmente ele há coisas engraçadas... E o seu J.To é do melhor!!!!!!