Ao 4º dia do Indie um grande filme, sem ser de Johnnie To, mas já lá chego... o inicio do dia deu-se com o filme "Professora Extraterrestre" , inserido na rubrica Indie Junior, de origem dinamarquesa e realizado por Ole Bornedal. A sinopse do filme prometia mais do que aquilo que ele realmente é: a chegada de uma professora substituta a uma turma, sendo que esta não é mais do que um ser do espaço, proveniente de um planeta onde não existe amor, procurando-o assim na Terra.
É pena que o filme não se consiga definir sobre aquilo que pretende ser, filme de terror, ficção cientifica ou "existencialista" no conceito da diferença entre humanos e aliens residir no sentimento do Amor... contudo, trata-se de um filme que se consegue ver, não tanto para crianças dada a sua tentativa de aprofundar alguns conceitos e ideias. Repete dia 03 Maio às 16 horas.
O segundo filme foi o Johnnie To do dia, "Running Out of Time", desta feita uma história que mistura os "heist movies" (filmes de assalto) com o jogo de gato e rato entre um policia e um ladrão, com a particularidade deste último ter apenas alguns dias de vida por ter um cancro em estado terminal (dai o "ficar sem tempo" do titulo). Apesar de ter grandes momentos de cinema, no sistema visual e creacional inovador de To, trata-se de um filme menos conseguido e até um nada repetitivo, tendo em conta outro filme seu, "Yesterday Once More", que passou numa edição anterior do Indie, o qual repete igualmente o principal actor, Andy Lau.
No entanto, verdade seja dita, mesmo os filmes mais estereotipados de To são superiores a muito filme de acção que por ai circula, tendo este dado origem a uma sequela que não será exibida no Indie.
Para o fim deixo o melhor filme do dia e o melhor do meu Indie, até ao momento, trata-se do mais recente filme do realizador Mike Leigh, de seu nome "Happy-Go-Lucky", que passou em ante-estreia. Retrata a história de uma mulher (Poppy), professora primária com 30 anos e que procura fazer da Vida um Mundo mais alegre e aproveitar ao máximo o que ela tem para lhe oferecer.
Poppy é uma mulher profundamente optimista, vendo sempre o lado melhor de cada situação, vivendo com uma amiga há 10 anos, tem 2 irmãs, estando uma mais perto de si e a outra casada e "aburguesada". Poppy vive sem complexos, aproveita para experimentar coisas novas (por exemplo a dançar Flamenco em diversas sequências hilariantes), tenta tirar a carta de condução (com um professor muito particular), diverte-se na noite, não tem medo de se aproximar dos outros apenas para os fazer sorrir e todos os dias descomprime, após o trabalho, saltando numa cama elástica como se ai pudesse experimentar a sensação de voar.
Como é hábito em Mike Leigh, trata-se de um filme com um cariz realista, onde as personagens vivem no "bas fond" de Londres, contudo, são felizes e contrastam largamente com a vida de suburbio da irmã casada que no fundo é uma recalcada por não poder mais se divertir já que está gravida e casada.
A actriz deste filme, Sally Hawkins (Melhor Actriz no Festival de Berlim) é, simplesmente, sublime!!! Ela consegue transmitir com um sorriso e o movimento do seu corpo toda a energia de Poppy, toda a sua vontade de viver, de sentir, de experimentar novas sensações... é uma Mulher que não tem medo de sorrir a um estranho, de abordar um desconhecido, de dizer que tudo vai correr bem mesmo que não existam certezas disso... Até quando algo de mal lhe acontece, Poppy mantém-se optimista e diz para a amiga que continuará a fazer sorrir o Mundo, tanta falta que nos fazem Poppy´s como esta. Não percam quando estrear em sala, já que é um filme que nos deixa com um imenso sorriso no rosto, tem diálogos espantosos e, sobretudo, faz-nos acreditar que o Mundo não precisa ser tão duro.
Carpe Diem.
Etiquetas: Crónicas do Indie